23/08/2010 - 00h01 Matthew Green
Em Sukkur (Paquistão) O Rio Indo não foi gentil com Mohammed Maitlo. Sua fazenda de quatro mil metros quadrados no Paquistão recebeu tão pouca água neste ano que sua plantação de trigo ficou atrofiada. Então o rio extrapolou suas margens, destruiu sua casa e colocou sua família junto a milhões de desabrigados pelas enchentes trágicas.
A história de Maitlo é repetida por centenas de milhares de agricultores e camponeses por toda a província de Sindh, no sul, onde até poucas semanas atrás as pessoas estavam preocupadas com o agravamento da escassez de água.
“A situação estava piorando a cada dia”, disse Maitlo em uma escola na cidade de Sukkur, que serve como refúgio para pessoas que fugiram das enchentes. “Nossa terra está se tornando desolada.”
A capacidade do Paquistão de gerir seus recursos de água cada vez menores poderá ajudar a determinar se o país dotado de armas nucleares, atormentado pela pobreza e pela insurreição islâmica, começará a prosperar ou enfrentará agravamento da instabilidade.
“A escassez de água é um dos maiores desafios enfrentados pelo Paquistão”, disse F.M. Mughal, um especialista em sistemas de água em Sindh. “A menos que o governo faça algo, nós veremos um grande número de pessoas afundar ainda mais na pobreza.”
Antes da enchente, o Indo era pouco mais do que uma poça de lama em partes de Sindh, forçando os agricultores a depender cada vez mais de águas subterrâneas salinas que minam a fertilidade do solo.
Os agricultores apontam para o desvio das águas rio acima, para as fazendas na província do Punjab, o coração agrícola do país. Padrões de propriedade distorcidos colocam grande parte das terras de Sindh nas mãos de uma elite, que obtém uma parcela desproporcional das águas distribuídas por meio de um sistema de irrigação rotativo.
O derretimento das geleiras do Himalaia exacerba a escassez no Paquistão, como alerta um relatório de 2009 do Centro Internacional Woodrow Wilson para Acadêmicos. O Banco Mundial diz que o Paquistão enfrentará uma “assustadora” queda de 30% a 40% na vazão de seus rios em 100 anos.
O resultado é que o Paquistão pode estar mais propenso a seca e enchente. Quanto mais água é desviada para as fazendas, a velocidade média da vazão cai, depositando sedimentos nos leitos dos rios. Canais mais rasos são menos capazes de lidar com chuvas repentinas, aumentando o risco de enchentes extremas.
Nas semanas antes das enchentes, os agricultores marcharam pelas aldeias em Sindh exigindo acesso à água. Aqueles que são incapazes de obter lucro estão recorrendo cada vez mais ao banditismo ou migrando para as favelas nas cidades.
A Sindh rural provou ser mais resistente à ideologia radical islâmica que tem alimentado a insurreição taleban no noroeste. Mas no Punjab, os pobres representam um pool de recrutas para grupos militantes como o Lashkar-e-Taiba, culpado pelos ataques de 2008 a Mumbai.
Em muitas áreas, as pessoas perderam a fé na capacidade da coalizão de Asif Ali Zardari, o presidente, de livrar o sistema de abastecimento de água da ineficiência e da corrupção. “Nós estamos destacando cada problema, mas não recebemos resposta”, disse Moinuddin Shaikh, da Sociedade Civil de Sukkur, um grupo de pressão.
O debate sobre o assunto se estende à capacidade das muitas camadas do governo de abraçar a mudança, a construção de represas e a recuperação de sistemas de irrigação que perdem até 70% da água para evaporação e infiltração.
“É uma questão crítica, mas solucionável”, disse Daanish Mustafa, um especialista em água e um professor sênior do King’s College London. “Mas é necessário o tipo de imaginação e criatividade que a burocracia de água paquistanesa não tem.”
Aguardando pelo recuo das águas das enchentes, Maitlo obtém algum consolo com a crença de que o Indo cheio revitalizou o solo exaurido com uma dose de minerais, dissolvidos sob sua superfície amarronzada.
Se o Paquistão poderá usar a enchente para recuperar seu relacionamento com seus recursos de água cada vez menores é algo menos certo.
Em Sukkur (Paquistão)
- Meninas carregam galão de água potável no Paquistão após inundações. País sofria com as secas e agora sofre com as chuvas em excesso
A história de Maitlo é repetida por centenas de milhares de agricultores e camponeses por toda a província de Sindh, no sul, onde até poucas semanas atrás as pessoas estavam preocupadas com o agravamento da escassez de água.
“A situação estava piorando a cada dia”, disse Maitlo em uma escola na cidade de Sukkur, que serve como refúgio para pessoas que fugiram das enchentes. “Nossa terra está se tornando desolada.”
A capacidade do Paquistão de gerir seus recursos de água cada vez menores poderá ajudar a determinar se o país dotado de armas nucleares, atormentado pela pobreza e pela insurreição islâmica, começará a prosperar ou enfrentará agravamento da instabilidade.
“A escassez de água é um dos maiores desafios enfrentados pelo Paquistão”, disse F.M. Mughal, um especialista em sistemas de água em Sindh. “A menos que o governo faça algo, nós veremos um grande número de pessoas afundar ainda mais na pobreza.”
Antes da enchente, o Indo era pouco mais do que uma poça de lama em partes de Sindh, forçando os agricultores a depender cada vez mais de águas subterrâneas salinas que minam a fertilidade do solo.
Os agricultores apontam para o desvio das águas rio acima, para as fazendas na província do Punjab, o coração agrícola do país. Padrões de propriedade distorcidos colocam grande parte das terras de Sindh nas mãos de uma elite, que obtém uma parcela desproporcional das águas distribuídas por meio de um sistema de irrigação rotativo.
O derretimento das geleiras do Himalaia exacerba a escassez no Paquistão, como alerta um relatório de 2009 do Centro Internacional Woodrow Wilson para Acadêmicos. O Banco Mundial diz que o Paquistão enfrentará uma “assustadora” queda de 30% a 40% na vazão de seus rios em 100 anos.
O resultado é que o Paquistão pode estar mais propenso a seca e enchente. Quanto mais água é desviada para as fazendas, a velocidade média da vazão cai, depositando sedimentos nos leitos dos rios. Canais mais rasos são menos capazes de lidar com chuvas repentinas, aumentando o risco de enchentes extremas.
Nas semanas antes das enchentes, os agricultores marcharam pelas aldeias em Sindh exigindo acesso à água. Aqueles que são incapazes de obter lucro estão recorrendo cada vez mais ao banditismo ou migrando para as favelas nas cidades.
A Sindh rural provou ser mais resistente à ideologia radical islâmica que tem alimentado a insurreição taleban no noroeste. Mas no Punjab, os pobres representam um pool de recrutas para grupos militantes como o Lashkar-e-Taiba, culpado pelos ataques de 2008 a Mumbai.
Em muitas áreas, as pessoas perderam a fé na capacidade da coalizão de Asif Ali Zardari, o presidente, de livrar o sistema de abastecimento de água da ineficiência e da corrupção. “Nós estamos destacando cada problema, mas não recebemos resposta”, disse Moinuddin Shaikh, da Sociedade Civil de Sukkur, um grupo de pressão.
O debate sobre o assunto se estende à capacidade das muitas camadas do governo de abraçar a mudança, a construção de represas e a recuperação de sistemas de irrigação que perdem até 70% da água para evaporação e infiltração.
“É uma questão crítica, mas solucionável”, disse Daanish Mustafa, um especialista em água e um professor sênior do King’s College London. “Mas é necessário o tipo de imaginação e criatividade que a burocracia de água paquistanesa não tem.”
Aguardando pelo recuo das águas das enchentes, Maitlo obtém algum consolo com a crença de que o Indo cheio revitalizou o solo exaurido com uma dose de minerais, dissolvidos sob sua superfície amarronzada.
Se o Paquistão poderá usar a enchente para recuperar seu relacionamento com seus recursos de água cada vez menores é algo menos certo.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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