domingo, 11 de abril de 2010

Metade da população urbana mundial vive em cidades pequenas ou médias

El País
Sandro Pozzi
Em Nova York


O mundo rural está se urbanizando. E nos próximos anos a maior parte do crescimento das áreas urbanas se concentrará nas cidades pequenas, tanto em número de habitantes quanto em extensão. No final deste ano, 1,2 bilhão de pessoas viverão em cidades de 100 mil habitantes, o equivalente a um terço da população urbana mundial. Enquanto 600 milhões vivem em centros urbanos de até meio milhão de habitantes.

Ou seja, praticamente a metade da população urbana mundial (52%) vive em concentrações com menos de meio milhão de habitantes. A ONU estima que este número deva crescer em 500 milhões de pessoas, para um total de 2,3 bilhões de habitantes. Este acréscimo significa que as cidades pequenas deverão absorver 45% do aumento da população urbana até 2015.

Hania Zlotnik, diretora da Divisão de População da ONU, fala da “transformação” pela qual os pequenos centros rurais estão passando, como se estivessem numa corrida para se transformar em cidades. E este, diz ela, é um dos fatores que indicam que a população mundial “será urbana” no final de 2010, quando as cidades acolherão cerca de 3,5 bilhões de seres humanos, ou seja, 50,5% da população planetária. E em 2050, este número será de 69%.

Um crescimento que, segundo Zlotnik, acontece à custa das zonas rurais. “Quando o mundo se urbaniza, a população rural para de crescer”. Na Europa, esta redução começou nos anos 50. Hoje, o continente tem 119 milhões de habitantes na zona rural, número que deve cair pela metade em 2050. Estima-se também que haverá uma queda, ainda que modesta, nos Estados Unidos e no Canadá, países que já são altamente urbanizados. E também na América Latina.

Mas, como diz Zlotnik, a grande novidade vem da Ásia, especialmente da China. A redução da população rural será importante nos próximos 40 anos na região: cairá de 2,4 bilhões de habitantes este ano para 1,8 bilhão. Hoje, 42% da população asiática vivem nas cidades. Em 40 anos, este número será de 65%. Mas ainda ficará abaixo dos 85% do Ocidente.

A transformação impressiona. Nos anos 80, havia cerca de 50 cidades com mais de meio milhão de habitantes. Desde então, a China se urbanizou com extraordinária rapidez por causa da mudança econômica. Até o ponto em que agora existem 134 novas cidades, às quais se somarão outra centena em 2025.

A África é a exceção. Por enquanto, porque segundo estimativas da ONU a queda na população rural chegará mais tarde ao continente, em 2040. Não só por causa da urbanização, mas também por uma queda na taxa de natalidade. Assim, estima-se que os assentamentos urbanos passem dos 40% atuais para 62%. Tudo somado, a equipe de Zlotnik prevê que a população rural mundial começará a cair em 2020, de 3,4 bilhão para 2,9 bilhão em 2050.

A ONU confirma que o grosso da transformação do mundo rural para o urbano acontecerá através de cidades menores e nos países menos desenvolvidos. Em 2050, a Ásia será a região do planeta que concentrará a maior população urbana, 3,4 bilhões, em comparação ao 1,8 bilhão de habitantes em 2010. E a África, que o ocupa o quarto lugar depois da Europa e América Latina, subirá para o segundo lugar, com 1,2 bilhão.

Apesar das disparidades, a tendência é clara. No ano passado, 140 dos 230 países ou regiões do mundo já contavam com mais da metade de sua população vivendo nas áreas urbanas. Nas próximas quatro décadas, antecipa Zlotnik, este número crescerá em 66 países. Ou seja, só 24 serão rurais, e estarão na África, Ásia e Oceania. E os países da Europa, América Latina e América do Norte, serão então predominantemente urbanos.

As grandes metrópoles também crescerão. Atualmente, há cerca de 54 cidades com mais de cinco milhões de habitantes. As cidades com mais de 10 milhões de habitantes passarão de 21 para 29 em 2050, e abrigarão 10% da população urbana. As “megacidades em espera” passarão de 33 a 46. Enquanto os centros urbanos com população entre um milhão e cinco milhões de habitantes serão 509 em quatro décadas, 120 a mais do que hoje, e abrigarão 22% da população urbana.
Tradução: Eloise De Vylder

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