sábado, 10 de abril de 2010
Mato Grosso concentra 99% da degradação florestal
Hebert Almeida
Redação 24 Horas News
A exploração florestal continua sendo um problema para a imagem de Mato Grosso. E não é para menos. Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revelam que o Estado concentrou nada menos que 99% de toda a degradação florestal no mês de fevereiro na região Amazônica. Na versão do Governo, houve uma redução de 18%, “reforçando a constatação que o Estado de Mato Grosso está cada vez contribuindo menos com o desmatamento ilegal na Amazônia Legal”, segundo o secretário de Meio Ambiente, Alexander Maia.
Na prática, pelos dados do Imazon, a imagem que se processa é mais ou menos a seguinte: se olhar de cima há uma clareira em Mato Grosso comparado a outros estados. Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento chegam um dia após a ministra, Izabella Teixeira, de Meio Ambiente, anunciar uma queda de 51% no desmatamento registrado pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) nos sete primeiros meses do calendário do desmate na Amazônia - agosto a fevereiro.
Com desmatamento elevado, maior as emissões de carbono. O desmatamento acumulado no período de agosto de 2009 a fevereiro de 2010 (924 quilômetros quadrados) resultou, no comprometimento de 16,3 milhões de toneladas carbono sujeitas à emissões diretas e futuras por eventos de queimadas e decomposição, o que representou cerca de 60 milhões de toneladas de C02 equivalente
“Esse valor representa um aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2008 a fevereiro de 2009) quando o carbono florestal afetado pelo desmatamento detectado pelo SAD (749 quilômetros quadrados) foi de 12 milhões de toneladas de carbono ou cerca de 44 milhões de toneladas de C02 equivalente” – informa o boletim Transparência Florestal.
Aumentou ou diminuiu? Há uma diferente entre os dois sistema. O Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) é capaz de enxergar a devastação na floresta a uma distância de 250 metros. Essa resolução é considerada tão baixa que os números não servem para contabilizar o desmatamento oficial na Amazônia, mas são um primeiro indicativo da necessidade de intervenção da fiscalização em áreas prioritárias.
Nas avaliações do Imazon sobre os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) para fevereiro de 2010, o desmate, em vez de cair, subiu 41%. O DETER também havia registrado, na análise mês a mês, um aumento de 29% em fevereiro, com a ressalva de que muito pouco se viu pelos satélites por causa da concentração de nuvens em 80% da região. No caso do SAD, as nuvens bloquearam 40% da área avaliada.
Foram 88 km² desmatados na Amazônia Legal em fevereiro, de acordo com o SAD, cujo refinamento de imagens é bem maior do que o DETER. De agosto de 2009 a fevereiro de 2010, o desmate totalizou 924 km² - um aumento de 23% em relação ao período anterior. Como o DETER havia indicado, a maior parte do desmatamento observado ocorreu em Mato Grosso. Precisamente, 75%. O Pará, grande “concorrente” de Mato Grosso, contabilizou 1% de área degradada nesse período.
Mesmo no sistema com baixa resolução, ficou demonstrados que dos 208,2 quilômetros quadrados desmatados observados em janeiro e fevereiro de 2010, Mato Grosso concentrou 69% dos alertas, seguido por Roraima, com 13%. Os outros estados registraram ocorrências bem menos significativas, mas isso não quer dizer que não tenha havido desmatamentos. Apenas que existia grande cobertura de nuvens sobre eles, que impediram a avaliação por satélite nesse período chuvoso. Em 86,5% das áreas observadas houve corte raso, ou seja, a remoção completa da floresta. O restante dos alertas confirmados, equivalentes a 97% dos casos, foi constatada degradação progressiva da floresta em diversos estágios.
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