FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A JUBA (SUDÃO)
ENVIADO ESPECIAL A JUBA (SUDÃO)
No norte, governado pela sharia, a lei islâmica, o consumo de álcool é duramente reprimido. No sul, hoje são produzidas 150 mil garrafas por dia de "White Bull", uma marca criada especialmente por uma subsidiária da sul-africana SAB Miller.
"Os sudaneses gostam de cerveja, especialmente lager [clara], em razão do clima quente e úmido", diz o diretor da unidade, Ian Elvey.
São 283 sudaneses empregados na fábrica, isenta de impostos até 2014. O importante é gerar empregos. No setor privado, quase não há.
O acordo de paz de 2005 deu autonomia ao sul do Sudão e dividiu a receita dos campos de petróleo meio a meio com o governo central. Para 2010, o orçamento do sul será de US$ 2 bilhões, 98% vindos do setor petrolífero, operado por chineses, que trazem junto sua mão de obra. A geração de empregos locais é mínima.
Na falta de estatísticas confiáveis, chuta-se que a economia do sul vem crescendo entre 10% e 25% ao ano, partindo de uma base ridiculamente baixa.
Sem produção local de bens de consumo, o custo de vida é alto. Tudo precisa ser importado de Uganda, por uma única estrada em fase final de pavimentação. Para irritação das agências humanitárias, o asfaltamento de estradas ligando Juba a regiões próximas de terras férteis, o que poderia ajudar a baixar o preço dos alimentos, foi posto em segundo plano.
A burocracia, especialmente o inchado Exército, sobrevive dos salários estatais. Pessoas se viram fazendo bicos de pedreiros e marceneiros na construção de novos prédios do governo. Debaixo do sol a pino, crianças quebram pedras para o asfaltamento de ruas.
Setor emergente
Um segmento que explode é o da segurança privada. Num cruzamento de Juba, um outdoor anuncia as qualidades do Veterans Security Services: "altamente treinados; disciplinados; profissionais; corteses".
"Somos a única companhia autorizada pelo governo a portar armas", diz o gerente, Steve Foreman, um ex-militar britânico que comprou a empresa de veteranos do Exército rebelde do sul.
Trabalho não falta: escolta armada e proteção de canteiros de obras pelo país. "Há gangues armadas e ex-soldados bêbados andando pela mata", afirma Foreman.
A força de trabalho é composta por 350 ex-rebeldes, que recebem treinamento para funções civis. Cada homem armado custa US$ 750 por mês. Um desarmado tem desconto de US$ 100.
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