"O Google foi um foco habitual dos esforços governamentais para limitar a liberdade de expressão porque nossas tecnologias e serviços permitem que as pessoas com conexões à internet falem para um público mundial. Mais de 25 governos bloquearam os serviços do Google nos últimos anos", declarou Wong no depoimento entregue ontem pelo Google à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, para sua inclusão nos Arquivos do Congresso.
A advogada do Google detalhou na continuação que 13 países bloquearam o YouTube, entre eles China, Paquistão, Marrocos e Irã. Posteriormente, incluiu a Espanha em uma contagem de sete países que censuraram os sites Blogger ou Blogspot: "Nos últimos dois anos recebemos informes de que nossa plataforma de blogs foi ou está sendo bloqueada pelo menos em sete países, incluindo China, Espanha, Índia, Paquistão, Irã, Mianmar e Etiópia". Finalmente citou os três países que impediram o acesso a sua rede social Orkut: Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos.
Trata-se da segunda vez que o Google lança uma acusação semelhante contra a Espanha. Em 2 de março, em uma audiência diante do Subcomitê de Direitos Humanos e Legislação do Senado americano, fez declarações idênticas. Este jornal contatou então a Google. Não recebeu resposta do setor de comunicações da firma nos EUA, mas ontem a empresa na Espanha emitiu um comunicado a respeito.
"Um juiz espanhol ordenou há três anos o bloqueio de duas páginas de Blogspot em um incidente sobre o qual se informou extensamente. Mas ocorreu só uma vez. Não voltou a ocorrer e não temos problemas com a Espanha em relação à liberdade de expressão", afirmou um porta-voz em uma mensagem eletrônica.
Isto não impediu o Google de citar a Espanha, sem dar qualquer prova no depoimento entregue aos legisladores, como um país no qual se pratica a censura na rede. E o fez no âmbito de duas audiências nas quais se discutiam direitos humanos e a decisão da firma de deixar de se submeter à censura chinesa, depois de colaborar com o regime de Pequim desde 2005.
Vários blogs, meios de comunicação e serviços de notícias, como a Agência France Presse, divulgaram ontem essa acusação, citando a Espanha em seus textos. Segundo fontes do Congresso, as palavras de Wong podem prejudicar seriamente a imagem da Espanha diante dos legisladores americanos, uma potência aliada na Otan e junto da qual participa no conflito do Afeganistão.
"A partir de agora, qualquer congressista que vá ao arquivo do Capitólio encontrará essa lista de países", explica o chefe de gabinete de um veterano deputado, que prefere se manter no anonimato. "Sua inclusão implica que os congressistas podem pensar que a política da Espanha para a Internet é igual à da China. Isto, diante das relações entre os dois países, não ajuda. E coloca para os congressistas uma pergunta séria: por que a Espanha está nessa lista?"
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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