quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Gaddafi, Khadafi, Qaddafi e Kadafi são a mesma pessoa? Nome do ditador da Líbia tem causado polêmica quando milhares pedem a sua renúncia - R7

Quem fica incomodado com o fato de ter que responder se o nome é escrito “assim”, ou “assado”, pode achar seu problema minúsculo perto do dilema ortográfico que enfrenta o ditador da Líbia.

Alvo de recentes protestos que pedem a sua renúncia, no R7 o líder é Muammar Gaddafi, assim como para os veículos The Guardian (Reino Unido), Al Jazeera (Qatar) e Folha de S. Paulo.
Porém, na imprensa ocidental também se pode encontrar Muamar Khadafi (BBC Brasil), Muammar el-Qaddafi (The New York Times), Muamar Kadafi (Estado de S. Paulo), ou mesmo Muamar el Gadafi (El País).
Quem estará escrevendo o nome certo?
Safa Jubran, professora de língua e literatura árabe da Universidade de São Paulo (USP), é incisiva ao dizer que não há um dono da verdade neste caso. Todos estão corretos.

- Não existe uma forma certa de escrever. É uma questão de convenção de cada meio.

Acontece que o nome do ditador vem de uma língua cujo alfabeto e fonética (produção e percepção dos sons da fala) são completamente diferentes do português, que tem raízes latinas.

Os problemas começam no momento de fazer a tradução, pois o português não tem elementos para registrar alguns sons do árabe. Aí, em vez de traduzir, é feita uma transliteração, explica a professora.

- A escrita na outra língua tentará tornar a grafia a mais próxima possível da pronúncia original. Mas aí cada um escolhe sua forma.

Nome científico de Gaddafi

Como em nomes científicos, a comunidade acadêmica também tem sua convenção para Gaddafi que pode ser entendida por qualquer pesquisador no mundo.

Para eles, o nome do líbio é Mucammar Al Qaddafi – sendo que, no sobrenome, o “i” tem um acento subscrito em forma de traço (-). Impossível de reproduzir no teclado brasileiro.
Grafia em árabe sempre gera confusão

Não há saída. Toda vez que alguém se deparar com palavras em árabe haverá controvérsia sobre sua grafia.

Mostafa Mansour, professor de língua árabe, diz que há cinco letras que não existem no português. Al Qaeda, a rede terrorista de Osama bin Laden, e a TV Al Jazeera, são um dos impactados na transliteração.

Além disso, o árabe pode ter variações impressionantes para se referir à mesma palavra, como as cinco formas de mencionar o profeta do islamismo Maomé, e as 99 variações da palavra deus.

- Alá [Deus] com certeza é o campeão.

Portanto, a dica é não se angustiar. Com exceção dos acadêmicos, todos estão abertos a adotar a grafia que lhes soar melhor.

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