quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O sonho e o pesadelo da Europa

A ideia de uma Europa unificada, em que todos compartilham os mesmos valores, costumes e convicções políticas, é antiga. Já a sua concretização é controversa. Em coluna na CH, Laura de Mello e Souza fala sobre os dilemas da imigração na Comunidade Europeia de hoje.
Por: Laura de Mello e Souza
Publicado em 20/12/2010 | Atualizado em 20/12/2010
O sonho e o pesadelo da Europa
O continente europeu visto por satélite em imagem de 2002. (foto: Nasa)
Em 1752, François-Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), um dos expoentes, na França, do movimento cultural chamado de Ilustração, escre¬veu que a Europa cristã havia se tornado uma espécie de grande república dividida em vários Estados, com muitas semelhanças.
Todos tinham um fundo comum de religião, abraçavam os mesmos princípios de direito público e de política e se empenhavam em manter uma balança equilibrada de poder, além de outros aspectos comuns.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), outra grande figura desse movimento, considerou não mais existirem, então, franceses, alemães, espanhóis, “nem mesmo ingleses, só há europeus”. E acrescentou: “Todos têm os mesmos gostos, as mesmas paixões, os mesmos costumes porque nenhum recebeu uma forma nacional por meio de uma instituição particular”.
Se o século 18 marcou o triunfo da Europa do ocidente sobre a parte oriental, é bom lembrar, como os historiadores britânicos John Pocock e Anthony Pagden, que a ideia de Europa nasceu no Oriente, nas regiões onde os turcos muçulmanos e os árabes viviam às turras com a cristandade.
A ideia de Europa nasceu no Oriente, onde turcos muçulmanos e árabes viviam às turras com a cristandade
Surgiu entre os povos de cultura grega, no período entre as guerras persas e a época de Alexandre da Macedônia. Nos mitos e nas lendas, o nome de Europa era dado às terras que ficavam a leste do estreito de Bósforo, diferenciando-as daquelas a oeste, chamadas de Ásia.
Inicialmente, a ideia se referiu ao mundo civil – helenístico, e depois helenístico-romano –, para distingui-lo do mundo bárbaro. A seguir, serviu para diferenciar cristãos e pagãos.
Parece que a palavra ‘europeu’ foi usada pela primeira vez por Enéas Silvio Piccolomini (1405-1464), humanista do Renascimento italiano feito papa com o nome de Pio II. Mas quem deu um sentido laico e político à palavra foi o também italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527): a Europa, escreveu, se distinguia das demais terras por causa de suas instituições, que eram permanentes, e não contingentes.

Sem lugar para a diferença

Com os descobrimentos, os povos da América impuseram aos europeus uma reflexão sobre diferenças culturais e, ao mesmo tempo, sobre a unidade do gênero humano. Se eram também homens aqueles seres variados, uns nus, vivendo nos matos, outros vestidos ricamente, habitando palácios, era preciso cristianizá-los e civilizá-los: em suma, urgia europeizá-los.
A Europa sustentada pela África e pela América
Alegoria de três continentes: 'A Europa sustentada pela África e pela América', gravura feita em 1796 pelo artista britânico William Blake (1757–1827).
Pagden ponderou que, sendo uma comunidade cultural, a Europa nunca chegou a sê-lo do ponto de vista étnico e político, nem mesmo quando, como na Ilustração, se considerava hegemônica. Comunidade “diversificada e mestiça, cuja história real ignoramos”, escreveu o historiador espanhol Josep Fontana, dependendo sempre de um espelho para poder se definir e se diferenciar dos outros.
Pocock, por fim, percebeu que a unidade da Europa foi, em grande parte, fruto de dois grandes momentos, definidos em termos econômicos. Entre 1713 e 1789, no auge da Ilustração, apresentou-se como uma república de Estados, unidos pela parceria entre soberania civil e sociedade civil, imprescindível ao desenvolvimento do comércio.


Acontecimentos recentes deixam claro que o velho sonho da Europa não comporta a mistura ou a mestiçagem
Contemporaneamente, a partir da formação da Comunidade Europeia, o continente cogitou na submersão do Estado e de sua soberania “em nome de uma era pós-moderna, na qual o mercado global exige a subjugação da comunidade política e talvez, também, da comunidade étnica e cultural”. E constatou: “Estamos em vias de deixarmos de ser cidadãos e de nos comportarmos apenas como consumidores”.
Acontecimentos recentes deixam claro que o velho sonho da Europa não comporta a mistura ou a mestiçagem. E o pesadelo é esse que se vê agora, quando levas cada vez maiores de migrantes ameaçam uma ideia de Europa construída milenarmente. Populações que, não raro, vêm das regiões originalmente designadas como Europa: Grécia, Bálcãs e outras.
Em um muro de Lisboa, flagrei, com uma amiga, duas frases contraditórias. À direita, estava escrito: “Economia marxista”. À esquerda: “Morte aos ciganos”. Uma, a criticar o sonho europeu da unidade conferida pelo consumo. A outra, a reafirmar o horizonte ideal de uma Europa sem uniformidade e sem jaça.

Laura de Mello e SouzaDepartamento de História, Universidade de São Paulo
Texto originalmente publicado na CH 276 (novembro/2010).

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Do Haiti ao Wikileaks o balanço das notícias internacionais de 2010

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Site com imagens do conflito em Darfur, Sudão

sábado, 11 de dezembro de 2010

A riqueza das cidades - VEJA e IBGE

Conheça o Turcomenistão, um dos países mais fechados do mundo - Vídeo - VEJA.com

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::: Os 10 mandamentos para passar de ano - Diário Catarinense

1. Tenha atenção em sala de aula. Conversas paralelas atrapalham muito, assim como os aparelhos eletrônicos. Desligue o celular e o i-pode.



2. Estude, pelo menos, duas horas por dia em casa. Defina o melhor horário e aproveite para fazer revisão do conteúdo.



3. Estude uma matéria de cada vez. Evite misturar as disciplinas e faça resumos de cada conteúdo.



4. Leia com atenção os textos. Uma maneira de assimilar o que está escrito e resumir mo texto.



5. Aproveite as atividades extra-classe que quase todas as escolas oferecem. O reforço escolar fora do período da aula é uma ótima oportunidade para aprender mais.



6. Use a internet como aliada. Peça dicas de sites a professores e aproveite o MSN para estudar ou tirar dúvidas com os colegas.



7. Concentração é palavra de ordem para quem estuda. Evite a tevê no quarto e desligue o celular. Lembre-se: uma hora de estudo com concentração vale mais do que três horas de estudo com distração.



8. Nas avaliações ou provas, primeiro leia todas as questões e depois resolva as mais simples ou que você tenha mais confiança no acerto. Depois passe para as mais complicadas.



9. Faça anotações das coisas mais importantes que o professor fala, pois nem tudo o que ele diz em sala está nos livros.



10. Não deixe para estudar na véspera de uma prova. Passar a madrugada em meio a livros e cadernos é inviável. Por isso tenha seu cronograma de estudos e procure dormir bem

Florestas tropicais, futuro eldorado dos mercados de carbono - Le monde


Le Monde
Laurence Caramel


Quem pagará pela proteção das florestas tropicais? A luta contra o desmatamento – o assunto mais consensual da Conferência de Cancún sobre o clima –, ainda esbarra nesse espinhoso “detalhe”. O debate ganhou ares de guerra e de religião. De um lado, os adeptos do mercado, dispostos a converter árvores em valores de Bolsa. De outro, os partidários de um financiamento indexado exclusivamente sobre fundos públicos. Os primeiros são muito mais numerosos que os segundos, representados sobretudo pela Bolívia e alguns vizinhos latino-americanos. Mas como toda decisão requer unanimidade, será preciso que as duas opções se mantenham abertas, para se chegar a um acordo em Cancún. E provavelmente é isso que acontecerá.

MAIS SOBRE A COP-16

  • Ativistas do Greenpeace formam a palavra esperança
Afinal, o REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation), mecanismo criado para recompensar os países que combatem o desmatamento, demorará muitos anos para começar a funcionar. Isso deixa mais tempo para discussões.

No entanto, na prática a realidade tem andado mais rápido que as negociações: um mercado do carbono florestal já está nos trilhos.

Em 16 de novembro, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, assinou com seus colegas do Estado do Acre (Brasil) e de Chiapas (México) um acordo de cooperação, ao final do qual a Califórnia poderá comprar créditos de carbono correspondentes às toneladas de CO2 sequestradas graças às iniciativas empregadas para proteger a floresta ou ampliar sua superfície.

A Califórnia, que se comprometeu a diminuir até 2020 suas emissões de gases de efeito estufa para seu nível de 1990, vai instaurar um mercado de licenças de emissões para suas indústrias. Mas, para permitir às empresas que atinjam esse objetivo mais facilmente, estas poderão comprar o equivalente a 8% de suas licenças em outros países. Esses futuros créditos “REDD” farão parte disso. É exatamente isso que a Bolívia vem criticando, para quem a floresta não deve ser um meio dado às indústrias de fugirem às suas responsabilidades.

Esse acordo – o primeiro do gênero – “mostra que nós podemos dar um basta no desmatamento, na falta de uma política nacional e de um acordo internacional”, explica Steve Schwartzman, da ONG americana Environment Development Fund. “Ele certamente manifesta a determinação de certos governos locais de se livrarem de negociações internacionais.”

Embora o desmatamento seja responsável por cerca de 18% das emissões anuais de gases de efeito estufa – o mesmo que o transporte mundial –, as florestas até hoje foram levadas em conta com prudência pela ONU. Isso porque é mais difícil medir uma tonelada de carbono sequestrado por um ecossistema florestal do que colocar um contador na saída da chaminé de uma fábrica. Somente os plantios e as ações de reflorestamento entram nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) – o dispositivo que permite que as empresas dos países industrializados recebam créditos de carbono em troca de ações de atenuação da mudança climática, financiadas nos países do Sul. Mas as condições a serem cumpridas são tantas e tão complexas, que os projetos florestais representam menos de 1% dos cerca de 6.600 projetos MDL validados ou em processo de validação pela ONU.

Consequentemente, esses projetos florestais prosperaram em uma via paralela para alimentar um mercado voluntário sobre o qual vêm se abastecer as empresas que, por enquanto, querem sobretudo deixar sua imagem mais “verde”, alegando sua marca ecológica. Operadores dessa nova classe de ativos, como a CarbonNeutral Company, têm investido diretamente em projetos de reflorestamento para revender créditos certificados por um dos diversos padrões privados que surgiram nesses últimos anos para garantir a qualidade desses novos valores.
As multinacionais também financiam projetos, como a anglo-britânica Shell e a russa Gazprom, que se envolveram na proteção de 100 mil hectares de turfeiras na Indonésia, ou ainda a britânica BP na Bolívia e a francesa Peugeot na Amazônia. No total, 434 programas voluntários estão em curso no mundo para um mercado avaliado em 25 milhões de euros (R$ 56 milhões) em 2009. Pode-se dizer que é uma ninharia, perto dos US$ 30 bilhões anuais (R$ 51 bilhões) que o plano de salvamento das florestas tropicais versão REDD poderia mobilizar. Uma verdadeira mina de ouro.

No entanto, essa corrida desenfreada pelo carbono florestal causa um problema: ela pode não servir à causa do combate ao desmatamento. Em seu jargão, os especialistas falam em um risco de “fuga”, para designar o perigo de ver a destruição das florestas se deslocar. Um estudo recente sobre o Vietnã mostrou que 50% dos progressos realizados ampliando a superfície florestal no país foram anulados pelas importações maciças de madeira dos países vizinhos que não protegem suas florestas. Mercados ou fundos públicos? A urgência está em impor regras mundiais para o combate ao desmatamento. Sem isso, os “carbon cowboys”, caçadores de créditos que já deram o que falar na Papua-Nova Guiné, terão belos dias pela frente.
Tradução: Lana Lim

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Países-ilhas propõem novo protocolo na COP-16 - Folha de SP

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN
Um dia depois de o Japão ter declarado em Cancún que não aceitaria uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, as nações-ilhas deram o troco: propuseram na COP-16 um novo protocolo contra emissões de gases-estufa.
As ilhas são os países que mais sofrem com as mudanças climáticas. Seu objetivo é criar um tratado legalmente vinculante, algo que se perdeu de vista após a derrocada da conferência de Copenhague, no ano passado.

O novo protocolo se somaria a uma segunda fase do acordo de Kyoto e valeria para os países do chamado LCA (grupo de ações de longo prazo), que não integram Kyoto: as nações em desenvolvimento e os EUA. Estes últimos teriam metas obrigatórias de redução de emissões, comparáveis às dos signatários de Kyoto.
Ronaldo Schemidt/AFP
Mulher observa modelo da Terra durante a confêrência da ONU sobre o clima; evento no México termina no dia 10
Mulher observa modelo da Terra durante a confêrência da ONU sobre o clima; evento no México termina no dia 10
"Nós propusemos isso há um ano e meio, achando que fosse haver um acordo legalmente vinculante em Copenhague. Aqui estamos, em mais uma COP, e isso não foi concluído", disse o negociador de Tuvalu, Ian Fry.
À Folha, Fry reconheceu que é impossível obter um acordo com peso de lei em Cancún, mas que a ideia é que isso aconteça já no ano que vem, na COP-17, em Durban, África do Sul.
O Brasil apoiou a iniciativa das ilhas. "É claro que temos de ser simpáticos à proposta", disse o embaixador Sérgio Serra. "Porém, cristalizar as metas pífias que existem hoje num protocolo não é interessante." Foi criar um grupo para debater essas ideias.
O movimento das ilhas tem pouca chance de vingar, mas é uma maneira de criar pressão política num momento em que as negociações começam a ficar tensas.
"Está tudo negro", disse um diplomata latino-americano. Segundo ele, a principal fonte de tensão são os EUA, que têm insistido em um pacote completo de decisões em Cancún --inclusive em temas espinhosos para países em desenvolvimento, como transparência em cumprimento de reduções-- na linha do "ou tudo ou nada".
Ele afirma que a delegação americana está amarrada pela situação doméstica e quer empurrar para a China a culpa por um eventual fracasso na COP-16.

Rússia será a sede da Copa do Mundo de 2018


Sepp Blatter/Reuters
A escolha foi feita por meio de votação na sede da Fifa em Zurique
A Rússia foi escolhida pelo Comitê Executivo da Fifa nesta quinta-feira como a sede da Copa do Mundo de 2018 e o Catar, a do Mundial de 2022.
Competiam também para ser sede da Copa de 2018 as candidaturas conjuntas de Portugal/Espanha e Holanda/Bélgica, além da Inglaterra.
Para o torneio seguinte, além da candidatura catari, competiam EUA, Austrália, Japão e Coreia do Sul.
"A Copa do Mundo nunca aconteceu na Rússia ou no leste europeu. O Oriente Médio e o mundo árabe esperam há muito tempo", disse o presidente da Fifa, Sepp Blatter, ao anunciar as sedes dos próximos torneios.
Rússia
Tida como favorita há algumas semanas, analistas diziam que a candidatura russa poderia ter sofrido um golpe com a decisão do premiê Vladimir Putin de não estar presente na votação - o que acabou não se confirmando.
Após o anúncio da escolha, Putin anunciou que iria pessoalmente a Zurique agradecer os delegados pelos votos.
"A decisão da Fifa significa que eles confiam em nós", disse ele em uma transmissão da TV russa.
O presidente do país, Dmitry Medvedev, escreveu em sua página do Twitter que "agora devemos nos preparar para sediar a Copa do Mundo e, claro, para ter um desempenho digno".
Catar
O Catar será o primeiro país com maioria árabe e o menor até hoje em tamanho a sediar o Mundial. Na cerimônia em Zurique, o emir do país, xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani, disse "obrigado por acreditarem em mudanças".
O país, que deve crescer mais de 15% este ano e tem previsão de crescimento de 21% para 2011, prometeu investir US$ 50 bilhões (cerca de R$ 85 bilhões) em infraestrutura e US$ 4 bilhões para a construção de nove estádios e a renovação de outros três.
A organização catari disse que nenhum estádio estaria a mais de uma hora de distância um do outro e muitos seriam desmontados após o torneio, para ser enviados a países pobres.
Além da falta de tradição futebolística, críticos da candidatura alegavam as altas temperaturas entre junho e julho, que frequentemente ultrapassam os 45º C.
O Catar afirma que manterá um sofisticado sistema de ar condicionado, para atender público e jogadores, para resolver o problema.
Derrotados
A escolha foi feita por 22 integrantes do Comitê Executivo da Fifa por meio de votação secreta. Dois membros do órgão não votaram por estarem suspensos por suspeita de corrupção.
A apresentação da candidatura ibérica ultrapassou os 30 minutos permitidos e o chefe da candidatura, Angel Maria Villar, foi aplaudido ao finalizá-la afirmando que "a Fifa é uma instituição limpa, a Fifa trabalha com honestidade".
Na Suíça para defender a candidatura inglesa, estiveram presentes o primeiro-ministro britânico David Cameron, o jogador David Beckham e o príncipe William.
Os holandeses Rudd Gullit e Johann Cruyff, além do belga Jean-Marie Pfaff foram porta-vozes da candidatura conjunta dos dois países.