Com base em fenômenos recentes, cientistas antecipam de onde virá o próximo foco de lava e destruição
André Julião - Isto ÉNa fila de candidatos a abrigar a próxima erupção vulcânica devastadora, a região sudeste da Austrália ocupa um dos primeiros lugares. Depois do islandês Grimsvotn e do chileno Puyehue, em maio e junho, respectivamente, o vulcanólogo Bernie Joyce, da Universidade de Melbourne, constatou que as erupções da região australiana estão “atrasadas” e – pior – que o país está completamente despreparado para um evento do tipo. Joyce documentou o histórico da região nos últimos cinco milhões de anos. Segundo ele, a cada 12,5 mil anos houve uma erupção, mas, recentemente, a área está ainda mais ativa. Nos últimos 20 mil anos, esses eventos ocorreram cerca de dez vezes. O último foi em Mount Gambier, 5,5 mil anos atrás.
Como ele chegou a essas datas? O estudo das rochas encontradas numa região permite saber a idade do material e se ele é lava solidificada ou não. “Muitas áreas hoje consideradas “calmas” podem, no passado, ter apresentado intensa atividade vulcânica”, diz Fadel David Antônio Tuma Filho, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “A área onde se situa Poços de Caldas (MG) e todo o planalto ocidental da Bacia do Paraná, incluindo o interior paulista, sofreram intensas erupções entre 190 milhões a 65 milhões de anos atrás”, afirma.
A Islândia, área de maior atividade vulcânica do mundo, é uma eterna candidata a protagonizar um novo evento do tipo. O Eyjafjallajökull ficou famoso por causar, em abril de 2010, o maior fechamento do espaço aéreo europeu em tempos de paz. Um dos 130 vulcões do país a causar preocupação agora é o Bardarbunga. “Uma enchente causada pelo derretimento de geleiras aquecidas por uma erupção dele poderia afetar a população”, diz Jón Frímann, especialista islandês que mantém um blog a respeito de vulcões.
O monitoramento das atividades sísmicas e planos de contenção podem amenizar os efeitos de um evento como esse. “A datação da atividade passada, como está sendo feito no sudeste australiano, pode permitir análises estatísticas sobre futuras erupções”, diz Joyce. Mas Tuma Filho, da Unesp, lembra: “A magnitude da natureza é tão grande que, às vezes, é impossível prevê-la”.
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