Embrapa Amazônia Oriental, no Pará, realiza pesquisas para produzir etanol a partir da planta. Experiências estão sendo feitas em outras regiões brasileiras. Os resultados obtidos superam até as expectativas dos cientistas
DANIELA COLLARES
contato@agenciaamazonia.com.br
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BRASÍLIA – Criado pela própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Dia da Mandioca é comemorado em 22 de abril. A mandioca é uma planta nativa do Brasil, e é comumente encontrada nas mesas nacionais e de outros países. A espécie também está agora em processo de pesquisa para produção de bicombustíveis.
A mandioca (Manihot esculenta Crantz), cultivada de Norte a Sul do Brasil, tem-se mostrado matéria-prima promissora para produzir etanol, explica pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Silvia Belém. A planta apresenta um balanço de massa favorável, pois cada tonelada de mandioca, com 30% de amido, pode render até 210 litros de etanol. De acordo com os cientistas da Embrapa é uma excelente alternativa para a produção desse biocombustível.
Entretanto, “ainda existem alguns gargalos a ser resolvidos pela pesquisa e, nesse sentido, a Embrapa está desenvolvendo projetos na obtenção de novas variedades da planta e melhorias no processo industrial”, adianta Sílvia Belém
Um dos grandes desafios na produção de etanol a partir de matérias-primas amiláceas, como no caso da mandioca, é o próprio processo industrial, salienta a pesquisadora. Isso acontece devido à etapa de hidrólise para obtenção dos açúcares utilizados na produção desse biocombustível. Ao contrário da cana-de-açúcar, em que essas substâncias já estão disponíveis, o processo a partir da mandioca requer essa etapa, o que eleva os custos.
Desafios com a mandioca açucarada
A cientista cita também outro desafio. A falta de biomassa para geração de calor usado nas caldeiras, que no caso da cana-de-açúcar é gerado a partir do bagaço, exige que no processo da mandioca, a energia venha de outra fonte. Para solucionar essa deficiência, os pesquisadores sugerem um consórcio de culturas. Neste caso, os resíduos de outras culturas, como por exemplo, a casca do arroz, poderia suprir essa necessidade.
Em relação às variedades de mandioca, já foram desenvolvidos, pela Embrapa Cerrados, clones híbridos de mandioca amilácea com a açucarada.
Silvia salienta que a mandioca açucarada, encontrada no Norte do Brasil, embora facilmente processada, é susceptível a pragas e apresenta baixa produtividade. Os clones híbridos apresentam melhor desempenho em relação a esses problemas, sem perder a características de um processo industrial simplificado. Estas etapas do processo serão pesquisadas pela Embrapa Agroenergia, visando ganhos significativos, especialmente na hidrólise enzimática.
As pesquisas para o desenvolvimento de cultivares e do processo industrial estão sendo realizadas nas unidades da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Agroenergia e Cerrados, no Distrito Federal, Mandioca e Fruticultura, na Bahia, e Amazônia Oriental, no Pará.
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