Commodities ajudaram América Latina a se recuperar na crise
A grande dependência dos países latino-americanos da exportação de commodities minerais e agrícolas não é mais uma "maldição" para as economias da região, afirma um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Mundial.
Há 30 anos, a alta dependência das economias latino-americanas da exportação de matérias-primas era vista por economistas como um entrave ao desenvolvimento, já que os produtos possuem baixo valor agregado.
Já as economias mais desenvolvidas exportam mais produtos industrializados do que commodities.
"Muitos dos países que hoje são de alta renda (per capita) também já foram muito dependentes de commodities, mas parecem ter usado essa riqueza como trampolim para o desenvolvimento", diz o relatório.
No entanto o que era visto como uma "maldição", agora pode ser uma "bênção", segundo o relatório Recursos Naturais na América Latina e Caribe: Indo Além das Altas e Baixas, do Banco Mundial.
"A riqueza em recursos naturais da ALC (América Latina e Caribe) pode contribuir para a exploração das oportunidades de crescimento, não só oferecendo aos governos maior espaço fiscal, como também atuando diretamente como importante fonte de expansão", diz o documento.
China
O Banco Mundial afirma que a grande demanda da China por matérias-primas latino-americanas contribuiu para a região se recuperar mais rapidamente da crise econômica global. Em 1990, a China comprava 0,8% das exportações latino-americanas. Em 2008, este percentual subiu para 10%.
O relatório destaca que em 2008 um quinto das exportações de commodities do Brasil teve a China como destino final.
"A rapidez da recuperação na América Latina e sua resistência à crise econômica global podem ser atribuídas, em parte, ao aumento das exportações de commodities da região para as economias emergentes da Ásia", disse o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, que trabalhou no estudo.
Segundo o Banco Mundial, dos sete países que respondem por cerca de 85% da riqueza da América Latina e do Caribe, seis têm uma parcela substancial de suas receitas proveniente das matérias-primas, que varia de 10% a 49%.
Brasil
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil mostram que, entre as décadas de 1960 e 1990, as commodities passaram a ter peso cada vez menor na pauta de exportações brasileiras.
Em 1970, os produtos básicos - como as commodities e alguns poucos produtos não negociados em bolsas, como o minério de ferro - representavam 74,8% do total de exportações brasileiras. Em 2000, o percentual havia caído para 22,8%. Neste ano, o Brasil exportou mais produtos industrializados e semi-industrializados.
No entanto, na última década, a tendência se inverteu e o Brasil voltou a exportar mais commodities. Em 2008, as commodities já formavam 36,9% das exportações brasileiras.
O relatório do Banco Mundial adverte, no entanto, que os países latino-americanos precisam gerenciar com cuidado os recursos gerados pela exportação de commodities, para manter o crescimento sustentável da região.
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