quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O sonho e o pesadelo da Europa

A ideia de uma Europa unificada, em que todos compartilham os mesmos valores, costumes e convicções políticas, é antiga. Já a sua concretização é controversa. Em coluna na CH, Laura de Mello e Souza fala sobre os dilemas da imigração na Comunidade Europeia de hoje.
Por: Laura de Mello e Souza
Publicado em 20/12/2010 | Atualizado em 20/12/2010
O sonho e o pesadelo da Europa
O continente europeu visto por satélite em imagem de 2002. (foto: Nasa)
Em 1752, François-Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), um dos expoentes, na França, do movimento cultural chamado de Ilustração, escre¬veu que a Europa cristã havia se tornado uma espécie de grande república dividida em vários Estados, com muitas semelhanças.
Todos tinham um fundo comum de religião, abraçavam os mesmos princípios de direito público e de política e se empenhavam em manter uma balança equilibrada de poder, além de outros aspectos comuns.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), outra grande figura desse movimento, considerou não mais existirem, então, franceses, alemães, espanhóis, “nem mesmo ingleses, só há europeus”. E acrescentou: “Todos têm os mesmos gostos, as mesmas paixões, os mesmos costumes porque nenhum recebeu uma forma nacional por meio de uma instituição particular”.
Se o século 18 marcou o triunfo da Europa do ocidente sobre a parte oriental, é bom lembrar, como os historiadores britânicos John Pocock e Anthony Pagden, que a ideia de Europa nasceu no Oriente, nas regiões onde os turcos muçulmanos e os árabes viviam às turras com a cristandade.
A ideia de Europa nasceu no Oriente, onde turcos muçulmanos e árabes viviam às turras com a cristandade
Surgiu entre os povos de cultura grega, no período entre as guerras persas e a época de Alexandre da Macedônia. Nos mitos e nas lendas, o nome de Europa era dado às terras que ficavam a leste do estreito de Bósforo, diferenciando-as daquelas a oeste, chamadas de Ásia.
Inicialmente, a ideia se referiu ao mundo civil – helenístico, e depois helenístico-romano –, para distingui-lo do mundo bárbaro. A seguir, serviu para diferenciar cristãos e pagãos.
Parece que a palavra ‘europeu’ foi usada pela primeira vez por Enéas Silvio Piccolomini (1405-1464), humanista do Renascimento italiano feito papa com o nome de Pio II. Mas quem deu um sentido laico e político à palavra foi o também italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527): a Europa, escreveu, se distinguia das demais terras por causa de suas instituições, que eram permanentes, e não contingentes.

Sem lugar para a diferença

Com os descobrimentos, os povos da América impuseram aos europeus uma reflexão sobre diferenças culturais e, ao mesmo tempo, sobre a unidade do gênero humano. Se eram também homens aqueles seres variados, uns nus, vivendo nos matos, outros vestidos ricamente, habitando palácios, era preciso cristianizá-los e civilizá-los: em suma, urgia europeizá-los.
A Europa sustentada pela África e pela América
Alegoria de três continentes: 'A Europa sustentada pela África e pela América', gravura feita em 1796 pelo artista britânico William Blake (1757–1827).
Pagden ponderou que, sendo uma comunidade cultural, a Europa nunca chegou a sê-lo do ponto de vista étnico e político, nem mesmo quando, como na Ilustração, se considerava hegemônica. Comunidade “diversificada e mestiça, cuja história real ignoramos”, escreveu o historiador espanhol Josep Fontana, dependendo sempre de um espelho para poder se definir e se diferenciar dos outros.
Pocock, por fim, percebeu que a unidade da Europa foi, em grande parte, fruto de dois grandes momentos, definidos em termos econômicos. Entre 1713 e 1789, no auge da Ilustração, apresentou-se como uma república de Estados, unidos pela parceria entre soberania civil e sociedade civil, imprescindível ao desenvolvimento do comércio.


Acontecimentos recentes deixam claro que o velho sonho da Europa não comporta a mistura ou a mestiçagem
Contemporaneamente, a partir da formação da Comunidade Europeia, o continente cogitou na submersão do Estado e de sua soberania “em nome de uma era pós-moderna, na qual o mercado global exige a subjugação da comunidade política e talvez, também, da comunidade étnica e cultural”. E constatou: “Estamos em vias de deixarmos de ser cidadãos e de nos comportarmos apenas como consumidores”.
Acontecimentos recentes deixam claro que o velho sonho da Europa não comporta a mistura ou a mestiçagem. E o pesadelo é esse que se vê agora, quando levas cada vez maiores de migrantes ameaçam uma ideia de Europa construída milenarmente. Populações que, não raro, vêm das regiões originalmente designadas como Europa: Grécia, Bálcãs e outras.
Em um muro de Lisboa, flagrei, com uma amiga, duas frases contraditórias. À direita, estava escrito: “Economia marxista”. À esquerda: “Morte aos ciganos”. Uma, a criticar o sonho europeu da unidade conferida pelo consumo. A outra, a reafirmar o horizonte ideal de uma Europa sem uniformidade e sem jaça.

Laura de Mello e SouzaDepartamento de História, Universidade de São Paulo
Texto originalmente publicado na CH 276 (novembro/2010).

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

::: Os 10 mandamentos para passar de ano - Diário Catarinense

1. Tenha atenção em sala de aula. Conversas paralelas atrapalham muito, assim como os aparelhos eletrônicos. Desligue o celular e o i-pode.



2. Estude, pelo menos, duas horas por dia em casa. Defina o melhor horário e aproveite para fazer revisão do conteúdo.



3. Estude uma matéria de cada vez. Evite misturar as disciplinas e faça resumos de cada conteúdo.



4. Leia com atenção os textos. Uma maneira de assimilar o que está escrito e resumir mo texto.



5. Aproveite as atividades extra-classe que quase todas as escolas oferecem. O reforço escolar fora do período da aula é uma ótima oportunidade para aprender mais.



6. Use a internet como aliada. Peça dicas de sites a professores e aproveite o MSN para estudar ou tirar dúvidas com os colegas.



7. Concentração é palavra de ordem para quem estuda. Evite a tevê no quarto e desligue o celular. Lembre-se: uma hora de estudo com concentração vale mais do que três horas de estudo com distração.



8. Nas avaliações ou provas, primeiro leia todas as questões e depois resolva as mais simples ou que você tenha mais confiança no acerto. Depois passe para as mais complicadas.



9. Faça anotações das coisas mais importantes que o professor fala, pois nem tudo o que ele diz em sala está nos livros.



10. Não deixe para estudar na véspera de uma prova. Passar a madrugada em meio a livros e cadernos é inviável. Por isso tenha seu cronograma de estudos e procure dormir bem

Florestas tropicais, futuro eldorado dos mercados de carbono - Le monde


Le Monde
Laurence Caramel


Quem pagará pela proteção das florestas tropicais? A luta contra o desmatamento – o assunto mais consensual da Conferência de Cancún sobre o clima –, ainda esbarra nesse espinhoso “detalhe”. O debate ganhou ares de guerra e de religião. De um lado, os adeptos do mercado, dispostos a converter árvores em valores de Bolsa. De outro, os partidários de um financiamento indexado exclusivamente sobre fundos públicos. Os primeiros são muito mais numerosos que os segundos, representados sobretudo pela Bolívia e alguns vizinhos latino-americanos. Mas como toda decisão requer unanimidade, será preciso que as duas opções se mantenham abertas, para se chegar a um acordo em Cancún. E provavelmente é isso que acontecerá.

MAIS SOBRE A COP-16

  • Ativistas do Greenpeace formam a palavra esperança
Afinal, o REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation), mecanismo criado para recompensar os países que combatem o desmatamento, demorará muitos anos para começar a funcionar. Isso deixa mais tempo para discussões.

No entanto, na prática a realidade tem andado mais rápido que as negociações: um mercado do carbono florestal já está nos trilhos.

Em 16 de novembro, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, assinou com seus colegas do Estado do Acre (Brasil) e de Chiapas (México) um acordo de cooperação, ao final do qual a Califórnia poderá comprar créditos de carbono correspondentes às toneladas de CO2 sequestradas graças às iniciativas empregadas para proteger a floresta ou ampliar sua superfície.

A Califórnia, que se comprometeu a diminuir até 2020 suas emissões de gases de efeito estufa para seu nível de 1990, vai instaurar um mercado de licenças de emissões para suas indústrias. Mas, para permitir às empresas que atinjam esse objetivo mais facilmente, estas poderão comprar o equivalente a 8% de suas licenças em outros países. Esses futuros créditos “REDD” farão parte disso. É exatamente isso que a Bolívia vem criticando, para quem a floresta não deve ser um meio dado às indústrias de fugirem às suas responsabilidades.

Esse acordo – o primeiro do gênero – “mostra que nós podemos dar um basta no desmatamento, na falta de uma política nacional e de um acordo internacional”, explica Steve Schwartzman, da ONG americana Environment Development Fund. “Ele certamente manifesta a determinação de certos governos locais de se livrarem de negociações internacionais.”

Embora o desmatamento seja responsável por cerca de 18% das emissões anuais de gases de efeito estufa – o mesmo que o transporte mundial –, as florestas até hoje foram levadas em conta com prudência pela ONU. Isso porque é mais difícil medir uma tonelada de carbono sequestrado por um ecossistema florestal do que colocar um contador na saída da chaminé de uma fábrica. Somente os plantios e as ações de reflorestamento entram nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) – o dispositivo que permite que as empresas dos países industrializados recebam créditos de carbono em troca de ações de atenuação da mudança climática, financiadas nos países do Sul. Mas as condições a serem cumpridas são tantas e tão complexas, que os projetos florestais representam menos de 1% dos cerca de 6.600 projetos MDL validados ou em processo de validação pela ONU.

Consequentemente, esses projetos florestais prosperaram em uma via paralela para alimentar um mercado voluntário sobre o qual vêm se abastecer as empresas que, por enquanto, querem sobretudo deixar sua imagem mais “verde”, alegando sua marca ecológica. Operadores dessa nova classe de ativos, como a CarbonNeutral Company, têm investido diretamente em projetos de reflorestamento para revender créditos certificados por um dos diversos padrões privados que surgiram nesses últimos anos para garantir a qualidade desses novos valores.
As multinacionais também financiam projetos, como a anglo-britânica Shell e a russa Gazprom, que se envolveram na proteção de 100 mil hectares de turfeiras na Indonésia, ou ainda a britânica BP na Bolívia e a francesa Peugeot na Amazônia. No total, 434 programas voluntários estão em curso no mundo para um mercado avaliado em 25 milhões de euros (R$ 56 milhões) em 2009. Pode-se dizer que é uma ninharia, perto dos US$ 30 bilhões anuais (R$ 51 bilhões) que o plano de salvamento das florestas tropicais versão REDD poderia mobilizar. Uma verdadeira mina de ouro.

No entanto, essa corrida desenfreada pelo carbono florestal causa um problema: ela pode não servir à causa do combate ao desmatamento. Em seu jargão, os especialistas falam em um risco de “fuga”, para designar o perigo de ver a destruição das florestas se deslocar. Um estudo recente sobre o Vietnã mostrou que 50% dos progressos realizados ampliando a superfície florestal no país foram anulados pelas importações maciças de madeira dos países vizinhos que não protegem suas florestas. Mercados ou fundos públicos? A urgência está em impor regras mundiais para o combate ao desmatamento. Sem isso, os “carbon cowboys”, caçadores de créditos que já deram o que falar na Papua-Nova Guiné, terão belos dias pela frente.
Tradução: Lana Lim

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Países-ilhas propõem novo protocolo na COP-16 - Folha de SP

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN
Um dia depois de o Japão ter declarado em Cancún que não aceitaria uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, as nações-ilhas deram o troco: propuseram na COP-16 um novo protocolo contra emissões de gases-estufa.
As ilhas são os países que mais sofrem com as mudanças climáticas. Seu objetivo é criar um tratado legalmente vinculante, algo que se perdeu de vista após a derrocada da conferência de Copenhague, no ano passado.

O novo protocolo se somaria a uma segunda fase do acordo de Kyoto e valeria para os países do chamado LCA (grupo de ações de longo prazo), que não integram Kyoto: as nações em desenvolvimento e os EUA. Estes últimos teriam metas obrigatórias de redução de emissões, comparáveis às dos signatários de Kyoto.
Ronaldo Schemidt/AFP
Mulher observa modelo da Terra durante a confêrência da ONU sobre o clima; evento no México termina no dia 10
Mulher observa modelo da Terra durante a confêrência da ONU sobre o clima; evento no México termina no dia 10
"Nós propusemos isso há um ano e meio, achando que fosse haver um acordo legalmente vinculante em Copenhague. Aqui estamos, em mais uma COP, e isso não foi concluído", disse o negociador de Tuvalu, Ian Fry.
À Folha, Fry reconheceu que é impossível obter um acordo com peso de lei em Cancún, mas que a ideia é que isso aconteça já no ano que vem, na COP-17, em Durban, África do Sul.
O Brasil apoiou a iniciativa das ilhas. "É claro que temos de ser simpáticos à proposta", disse o embaixador Sérgio Serra. "Porém, cristalizar as metas pífias que existem hoje num protocolo não é interessante." Foi criar um grupo para debater essas ideias.
O movimento das ilhas tem pouca chance de vingar, mas é uma maneira de criar pressão política num momento em que as negociações começam a ficar tensas.
"Está tudo negro", disse um diplomata latino-americano. Segundo ele, a principal fonte de tensão são os EUA, que têm insistido em um pacote completo de decisões em Cancún --inclusive em temas espinhosos para países em desenvolvimento, como transparência em cumprimento de reduções-- na linha do "ou tudo ou nada".
Ele afirma que a delegação americana está amarrada pela situação doméstica e quer empurrar para a China a culpa por um eventual fracasso na COP-16.

Rússia será a sede da Copa do Mundo de 2018


Sepp Blatter/Reuters
A escolha foi feita por meio de votação na sede da Fifa em Zurique
A Rússia foi escolhida pelo Comitê Executivo da Fifa nesta quinta-feira como a sede da Copa do Mundo de 2018 e o Catar, a do Mundial de 2022.
Competiam também para ser sede da Copa de 2018 as candidaturas conjuntas de Portugal/Espanha e Holanda/Bélgica, além da Inglaterra.
Para o torneio seguinte, além da candidatura catari, competiam EUA, Austrália, Japão e Coreia do Sul.
"A Copa do Mundo nunca aconteceu na Rússia ou no leste europeu. O Oriente Médio e o mundo árabe esperam há muito tempo", disse o presidente da Fifa, Sepp Blatter, ao anunciar as sedes dos próximos torneios.
Rússia
Tida como favorita há algumas semanas, analistas diziam que a candidatura russa poderia ter sofrido um golpe com a decisão do premiê Vladimir Putin de não estar presente na votação - o que acabou não se confirmando.
Após o anúncio da escolha, Putin anunciou que iria pessoalmente a Zurique agradecer os delegados pelos votos.
"A decisão da Fifa significa que eles confiam em nós", disse ele em uma transmissão da TV russa.
O presidente do país, Dmitry Medvedev, escreveu em sua página do Twitter que "agora devemos nos preparar para sediar a Copa do Mundo e, claro, para ter um desempenho digno".
Catar
O Catar será o primeiro país com maioria árabe e o menor até hoje em tamanho a sediar o Mundial. Na cerimônia em Zurique, o emir do país, xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani, disse "obrigado por acreditarem em mudanças".
O país, que deve crescer mais de 15% este ano e tem previsão de crescimento de 21% para 2011, prometeu investir US$ 50 bilhões (cerca de R$ 85 bilhões) em infraestrutura e US$ 4 bilhões para a construção de nove estádios e a renovação de outros três.
A organização catari disse que nenhum estádio estaria a mais de uma hora de distância um do outro e muitos seriam desmontados após o torneio, para ser enviados a países pobres.
Além da falta de tradição futebolística, críticos da candidatura alegavam as altas temperaturas entre junho e julho, que frequentemente ultrapassam os 45º C.
O Catar afirma que manterá um sofisticado sistema de ar condicionado, para atender público e jogadores, para resolver o problema.
Derrotados
A escolha foi feita por 22 integrantes do Comitê Executivo da Fifa por meio de votação secreta. Dois membros do órgão não votaram por estarem suspensos por suspeita de corrupção.
A apresentação da candidatura ibérica ultrapassou os 30 minutos permitidos e o chefe da candidatura, Angel Maria Villar, foi aplaudido ao finalizá-la afirmando que "a Fifa é uma instituição limpa, a Fifa trabalha com honestidade".
Na Suíça para defender a candidatura inglesa, estiveram presentes o primeiro-ministro britânico David Cameron, o jogador David Beckham e o príncipe William.
Os holandeses Rudd Gullit e Johann Cruyff, além do belga Jean-Marie Pfaff foram porta-vozes da candidatura conjunta dos dois países.

sábado, 20 de novembro de 2010

Será a tecnologia a solução para a crise ecológica? - Ciência Hoje

Hervé Kempf deu Conferência em Lisboa

2010-11-20
Por Susana Lage (texto e fotos)
Kempf é director da revista Reporterre e editor de ambiente no  Le Monde
Kempf é director da revista Reporterre e editor de ambiente no Le Monde
O capitalismo assume que as tecnologias permitem enfrentar o aquecimento global e a crise da biodiversidade. Infelizmente, embora a técnica seja útil para uma economia menos destruidora do meio ambiente, não é suficiente para inverter a situação.

Hervé Kempf, escritor ecologista e jornalista de Le Monde deu uma conferência ontem, no Instituto Franco-Português, em Lisboa. Segundo Kempf, a questão ambiental ganhou influência nos últimos anos, desde o acidente de Chernobyl, que mostrou a magnitude das consequências que desastres ambientais poderiam ter.
No campo político, a questão das mudanças climáticas é obrigatória para todo o Ocidente e muitas vezes torna-se uma questão importante noutros países também. O escritor defende, numa das suas obras mais recentes, «Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo» (2009), precisamente o que o título sugere.
 Para salvar o planeta devemos descartar-nos do capitalismo e reconstruir uma sociedade onde a economia não seja soberana, mas um instrumento. Onde predomine a cooperação sobre a concorrência, e onde o bem comum seja mais importante do que o lucro. O futuro não reside na tecnologia, mas num novo arranjo das relações sociais.
 Diferentes formas de progresso
Hervé Kempf palestrou no Instituto Franco-Português, em Lisboa
Hervé Kempf palestrou no Instituto Franco-Português, em Lisboa
O jornalista francês propõe uma reflexão colectiva sobre como o capitalismo se transformou ao longo dos anos de 1980 ao conseguir impor o modelo comportamental individualista, marginalizando as lógicas colectivas. A oligarquia no poder procura desviar a atenção do público para o desastre iminente fazendo crer que a tecnologia pode fazer tudo, inclusive evitá-lo.
 Esta ilusão não pretende nada mais do que conservar o sistema de dominação actual. Mas «o futuro não está na tecnologia, está nas novas práticas no relacionamento social entre indivíduos e grupos», é a mensagem veiculada por Kempf. O escritor acredita que a convicção e a celeridade com que exigirmos maior solidariedade humana é o que vai fazer a diferença daqui para a frente.
 
O livro enfoca a necessidade de seguir regras diferentes das que o capitalismo
O livro enfoca a necessidade de seguir regras diferentes das que o capitalismo
Pela primeira vez na história da nossa espécie «enfrentamos os limites da biosfera». Kempf aformou também: «Temos de encontrar diferentes formas de progresso» da humanidade, mas «a classe dominante predatória recusa as mudanças necessárias». E mais acrescentou: «A sociedade não tem sido capaz de combater eficazmente a expansão da crise ecológica porque está intimamente ligada à crise social na qual a forma de gerir o capitalismo impede iniciativas democráticas».
 Por esta razão, «a resolução da crise ecológica depende da interrupção no poder da elite do mundo».
 Da conferência resultou não ser possível compreender a ligação entre a crise ecológica e a social se não forem vistas como as duas facetas do mesmo desastre. Como argumentou o jornalista, este desastre resulta de um sistema comandado por um estrato social dominante que não tem outra conduta para além da ganância, não tem outros ideais para além do conservacionismo, não sonha com nada mais para além da tecnologia. No entanto, o escritor sublinha que apesar da dimensão dos desafios que nos esperam, «as soluções estão a surgir» e «o desejo de refazer o mundo está a renascer».

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

PROVAS DE GEOGRAFIA DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES

UCS        UFBA       UEPG        UESB        UFAM       UENF    UERJ      

UFGD          UFES       UFAL        UEMS     UFC     UFABC

sábado, 6 de novembro de 2010

Humanos surgiram na Ásia e não na África, afirmam paleontólogos - VEJA

Variedade de fósseis encontrada no norte da África indica que antepassados dos humanos podem ter vindo da Ásia

evolução humana (Latinstock)
O aparecimento 'repentino' de diferentes espécies no solo africano só pode significar, segundo os pesquisadores, que a África foi 'colonizada' por outros simiiformes vindos da Ásia.
O berço da humanidade, ao contrário do que sempre se acreditou a as pesquisas científicas confirmavam, não seria a África, e sim a Ásia. É o que diz um estudo publicado nesta quarta-feira no site da revista Nature. Paleontólogos de várias partes do mundo encontraram, na Líbia (norte da África), fósseis de três famílias diferentes de simiiformes — uma subordem dos primatas da qual descendem os seres humanos. Os fósseis encontrados pelos cientistas são de 38 a 39 milhões de anos atrás, um período classificado como Eoceno. Foi nessa época que as cordilheiras foram formadas e surgiram os primeiros mamíferos.

As várias espécies encontradas no norte da África indicam que houve algum tipo de diversificação biológica anterior à data dos novos fósseis. O problema é que poucos simiiformes que tenham existido antes de 39 milhões de anos atrás foram encontrados na África. E não foi por falta de pesquisa, de acordo com os autores do estudo — o norte africano teria sido bem explorado no último século e nenhuma diversificação de espécies anterior aos novos fósseis foi encontrada.

Se os pesquisadores estiverem certos, esse aparecimento 'repentino' de diferentes espécies no solo africano, dizem os autores, só pode significar que a África foi 'colonizada' por outros simiiformes vindos da Ásia. Dentre as espécies encontradas, uma delas, Afrotarsius libycus, é alvo de debate na comunidade científica. Alguns pesquisadores dizem que ela pertence a uma família diferente daquela que originou os seres humanos, a Tarsiidae. Já os cientistas que encontraram os fósseis no norte da África afirmam que os dentes dos indivíduos pertencentes a essa espécie se parecem mais com os do simiiformes.

Outros estudos já apontaram que a Ásia seria uma melhor candidata para o surgimento dos seres humanos, mas ninguém sabe quando e como. Sem pistas na África, os pesquisadores pretendem vasculhar melhor a Ásia atrás do 'verdadeiro' berço da humanidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ano da BIODIVERSIDADE: Países fecham acordo para proteger biodiversidade e dividir ganhos - BBC

Eric Brücher Camara

Incêndio na Bolívia
Destruição ambiental custa entre US$ 2 bi e US$ 5 bi por ano, diz estudo
Representantes de mais de 190 países reunidos em Nagoia, no Japão, aprovaram nesta sexta-feira um acordo histórico que, se implementado, deve combater ameaças à biodiversidade até 2020 e dividir melhor os recursos obtidos pela exploração do material genético da natureza.
As principais decisões finais do 10º encontro da convenção da ONU sobre diversidade biológica (CBD, na sigla em inglês) são um protocolo sobre como dividir os benefícios representados pela biodiversidade (em inglês, Access and Benefits Sharing, ou ABS) e um plano de ação para proteger as espécies ameaçadas até 2020.
Ambos podem render muito ao Brasil. A estimativa é de que países ricos abram os cofres até 2012 para garantir cerca de US$ 200 bilhões por ano em investimentos de conservação na biodiversidade. A verba deve ser liberada a tempo para a segunda Cúpula da Terra, a ser realizada em 2012 no Rio de Janeiro.
Ainda não está claro, entretanto, de onde essa verba deve sair, uma vez que muitos países ricos se encontram em crise e já se comprometeram em dezembro do ano passado a levantar cerca de US$ 100 bilhões por ano para combater os efeitos das mudanças climáticas.
Os signatários têm agora um prazo de dois anos para estabelecer como o novo financiamento será feito.
Biopirataria
O valor da biodiversidade de cada país também deve entrar nas contas públicas, de forma a possibilitar os cálculos que vão nortear os investimentos internacionais.
Esta medida foi considerada um grande avanço, já que pela primeira vez atrela a diversidade biológica da natureza à economia.
Já o chamado ABS é fundamental para proteger os países da chamada biopirataria, o registro feito por indústrias como as farmacêuticas – na sua maioria com sede em países desenvolvidos – de substâncias retiradas de seres encontrados em outras regiões.
O acordo fechado nesta sexta-feira prevê o pagamento de royalties por propriedade intelectual aos países de origem do material.
Com isso, países como o Brasil - que vinha defendendo um entendimento nesse sentido - e outros donos de imensa biodiversidade poderão lucrar com o desenvolvimento de medicamentos obtidos a partir de plantas e animais locais.
Depois de intensas negociações, principalmente sobre ABS, o acordo foi elogiado por ambientalistas.
"O protocolo de Nagoia é uma conquista histórica, que garante que o valor muitas vezes imenso dos recursos genéticos seja mais justamente dividido", disse Jim Leape, diretor-geral da organização ambientalista WWF.
Entre as decisões de Nagoia também está uma meta de proteção de 17% das áreas em terra firme, que até 2010 estava em 13%.
Os ministros de meio ambiente concordaram ainda em proteger 10% das áreas marinhas e costeiras, entre elas o alto mar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ano da Biodiversidade: Tigres podem estar extintos em 12 anos, adverte WWF

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DA FRANCE PRESSE
Os tigres podem estar extintos em 12 anos, mas um encontro de alto nível na Rússia, no próximo mês, poderá reverter o declínio da população destes animais, anunciou nesta quinta-feira a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
"O pior cenário é aquele no qual os tigres podem estar extintos quando entrarmos no próximo ano do tigre, em 12 anos", disse Ola Jennersten, diretor do programa de preservação internacional da WWF sueca.
Secretário-geral da ONU diz que mundo não freia ritmo de extinção de animais e vegetais
A organização lidera uma campanha global para tentar dobrar o número de tigres até 2022, quando começará o próximo ano do tigre.
O WWF informou que no último século, a caça ilegal, a redução do hábitat e o comércio de partes de tigre utilizadas na medicina oriental fizeram o número de grandes felinos cair, em todo o mundo, 97%, diminuindo sua população para 3.200 indivíduos, atualmente.
"Apesar dos números pessimistas, a situação é mais esperançosa do que nunca", disse Jennersten, enaltecendo a iniciativa política dos 13 'estados tigres' e de diferentes entidades de se encontrar na Rússia de 21 a 24 de novembro a fim de deter uma possível extinção da espécie.
"Isto será alcançado com um maior envolvimento político, concentrado em áreas para tigres, que têm a maior chance de garantir a conservação a longo prazo dos animais, e um controle maior sobre o comércio" ligado aos felinos, afirmou.
Espera-se que o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que no passado deu demonstrações de seu amor pela natureza, beijando animais publicamente e exibindo-se em uma série de peripécias na natureza, algumas envolvendo tigres, participe da conferência, em São Petersburgo.
Segundo a WWF, 1.800 tigres vivem na Índia, no Nepal, no Butão e em Bangladesh; 450, em Sumatra, 400 na Malásia, 350 estão espalhados em todo o sudeste asiático e 450 vivem, em habitat natural, na Rússia.

"Boom" econômico na Ásia coloca pássaros aquáticos em perigo, diz estudo

DA FRANCE PRESSE
As populações de pássaros aquáticos estão diminuindo mais rapidamente na Ásia do que em outras partes do mundo devido ao forte crescimento econômico e à urbanização, que destroem seu habitat, segundo um estudo divulgado por ocasião da décima Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-10).
O meio ambiente para os pássaros aquáticos no mundo é de pouca qualidade, o que provocou um declive em várias espécies ao longo de três décadas até 2005, indica este estudo da Wetlands International.

A situação melhorou na Europa e na América de Norte graças a uma legislação severa. Em compensação, 62% do conjunto de espécies de pássaros aquáticos na Ásia diminuiu ou desapareceu.
"A combinação de um crescimento econômico rápido e poucos esforços de converavação parece ser fatal", enfatiza a Wetlands International.
"As populações de pássaros aquáticos devem enfrentar várias ameaças, como o desaparecimento ou degradação de pântanos e lagos, a intensificação da agricultura, da caça e da mudança climática", acrescenta.
O aquecimento climático representa um perigo extra para os pássaros aquáticos porque afetará o Ártico, onde se reproduzem muitas espécies.
As zonas úmidas da tundra ártica vão perder superfície, um verdadeiro perigo para os pássaros da África do Sul, Austrália ou América do Sul que vão se reproduzir lá, segundo o estudo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fumaça de queimadas na Indonésia prejudica países vizinhos


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DA REUTERS
Queimadas ilegais na ilha de Sumatra, na Indonésia, estão espalhando uma nuvem de fumaça para as vizinhas Malásia e Cingapura, causando a pior poluição atmosférica na região desde 2006, disseram autoridades nesta quinta-feira.
Apesar das promessas governamentais de controlar os incêndios, a névoa obrigou a Malásia a alertar navios para a baixa visibilidade no estreito de Málaca, em torno de 3 km, e escolas tiveram de ser fechadas.
Às 18h desta quinta-feira (8h em Brasília), o índice de poluentes em Cingapura chegou a 108, nível considerado "insalubre" --bem acima dos 80 registrados ontem (20), que havia sido o pior desde 2006. O porto e o aeroporto da cidade-nação continuam operando normalmente.

Vivek Prakash/Reuters
Fotos mostram o distrito financeiro de Cingapura há um mês (acima) e hoje, encoberta por fumaça da Indonésia
Fotos mostram o distrito financeiro de Cingapura há um mês (acima) e hoje, encoberta por fumaça da Indonésia
"A suspeita é que isso está vindo das florestas que têm sido derrubadas para plantações. Achamos que pode ser para a plantação de dendezeiros", disse à Reuters Purwasto Saroprayogi, diretor do departamento de incêndios fundiários e florestais no Ministério do Meio Ambiente indonésio.
HISTÓRICO
A Indonésia tem um longo histórico de desmatamento florestal descontrolado, e muitas queimadas servem para dar espaço a plantações de palmeira de cujos frutos se extrai o dendê, um importante biocombustível.
As queimadas limpam a área rapidamente e reduzem a acidez do solo, mas liberam enormes quantidades de gases do efeito estufa.
A névoa volta à região menos de uma semana depois de ministros do Meio Ambiente do Sudeste Asiático se reunirem em Brunei para discutir a questão das queimadas.
"Não é a primeira vez que informamos os indonésios de que eles deveriam prestar atenção a áreas delicadas em Sumatra e Bornéu", disse a jornalistas ontem o ministro do Meio Ambiente de Cingapura, Yaacob Ibrahim.
Segundo ele, se a situação se agravar o país "vai registrar suas preocupações novamente, talvez até em termos mais fortes, aos colegas indonésios". Ele afirmou que seria possível realizar outra reunião para discutir "novas medidas".
Em Kuala Lumpur, o vice-premiê da Malásia, Muhyiddin Yassin, disse à imprensa que seu país está buscando "mais cooperação" com a Indonésia no combate às queimadas.
"Não estamos simplesmente acusando (a Indonésia), queremos uma ação antes que a névoa se espalhe e se torne mais prejudicial para a Malásia", disse ele.
A pior névoa na região ocorreu em 1997-98, quando uma seca causada pelo fenômeno El Niño facilitou os incêndios florestais. A fumaça chegou a Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia e causou prejuízos superiores a US$ 9 bilhões para o turismo, os transportes e a agricultura.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

WWF: brasileiros não notam importância da natureza para vida - TERRA

Uma pergunta feita pela ONG WWF Brasil à população constatou que a maioria dos brasileiros não se lembra da importância do meio ambiente para a preservação da vida quando a indagação é feita aleatoriamente. A indagação "o que você precisa para viver?" gerou, majoritariamente, respostas como: amor, família, amigos, sol e saúde.
A iniciativa faz parte da campanha cujo lema é Cuidar da Natureza é Cuidar da Vida, lançada nesta semana pela ONG. Para o coordenador do Programa para a Água Doce da WWF Brasil, Samuel Barreto, as respostas revelam a importância de conscientizar a população sobre o papel do meio ambiente na preservação da vida. "A ausência da natureza nesse tipo de preocupação mostra a necessidade de colocar esse debate junto com a opinião pública e criar esse mecanismo de sensibilização".
Ele destacou que o engajamento do cidadão tem uma relação direta com a questão do consumo. "Porque os nossos hábitos de vida trazem impactos sobre o meio ambiente. É aquilo que a gente chama de 'nossa pegada ecológica'. Isso também chama para uma reflexão sobre o nosso modo de vida, sobre a questão de conscientização, sobre a parte de consumo responsável, alertando para as consequências que o descuido com a natureza pode provocar".
Entre elas, Barreto citou a redução da biodiversidade e de serviços ecológicos, como clima e água. Na campanha, a WWF Brasil está propondo ao governo a criação de unidades de conservação em todos os biomas, "como uma forma efetiva de você garantir a manutenção dessa diversidade biológica".
Os principais focos da ONG são a Reserva Extrativista Baixo Rio Branco, em Jauaperi (Amazonas); Parque Nacional dos Lavrados (Roraima); Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (Goiás); Parque Nacional Boqueirão da Onça (Bahia) e outras unidades no Cerrado do Amapá, no Tabuleiro do Embaubal (Pará), no Croa (Acre), no extremo Sudoeste do Pantanal e em Bertioga, São Paulo.
Próximo presidente
Segundo Barreto, a proposta será levada ao futuro governante do país. "É uma campanha de mobilização e também de contribuição para o próprio governo, uma vez que ele se comprometeu na Convenção da Biodiversidade das Nações Unidas a garantir a proteção de um percentual de biomas do Brasil".
A sugestão feita pela WWF Brasil é para que as metas assumidas pelo Brasil sejam cumpridas ainda este ano. "Então, é para o atual governo, mas pode continuar para os demais". De acordo com o coordenador, o objetivo é apoiar a lista prioritária de unidades de conservação do governo.
A entidade propõe ainda que políticas públicas busquem o uso sustentável dos recursos e prevejam atividades turísticas realizadas de forma coordenada em unidades de conservação, que podem resultar na geração de emprego e movimentar a economia local.
A campanha, que terá desdobramentos envolvendo, por exemplo, a questão da segurança alimentar, foi considerada bem-vinda pelo diretor de Florestas da Secretaria da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João de Deus Medeiros. Ele afirmou que o movimento "dá uma sinalização clara de setores da sociedade que entendem a importância desses investimentos".

WWF propõe ao Brasil 10 novas áreas de UCs - O Globo

O Globo
A WWF acaba de lançar a campanha “Cuidar da natureza é cuidar da vida”, cujo objetivo é alertar a população para as consequências que o descuido com a natureza pode provocar. A principal ação da campanha, lançada esta semana, foi a divulgação de uma lista com 10 áreas prioritárias para a criação de novas unidades de conservação na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. A ideia com a lista, segundo o release enviado por e-mail, é que ainda este ano o governo brasileiro alcance as metas de cobertura natural protegida por unidades de conservação estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas (CDB). Hoje, o Brasil tem o compromisso de garantir a cobertura de 10% de cada bioma, tomando por base a área original, criando unidades de conservação. Na Amazônia o compromisso é de 30%.

Constam da lista as seguintes áreas: Reserva Extrativista Baixo Rio Branco – Jauaperi (Amazonas), o Parque Nacional dos Lavrados (Roraima), o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (Goiás), o Parque Nacional Boqueirão da Onça (Bahia) e outras unidades no Cerrado do Amapá, no Tabuleiro do Embaubal (Pará), no Croa (Acre), no extremo Sudoeste do Pantanal e em Bertioga, São Paulo. No âmbito da CDB, o governo brasileiro se comprometeu a garantir a cobertura, por unidades de conservação, de 10% em cada bioma (conforme a área original) e de 30% na Amazônia. Hoje, somando todas as unidades existentes no País, ainda resta proteger aproximadamente 2,5% do território nacional em área terrestre e 8,5% em área marinha.

Mais de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo, diz estudo - BBC

Crianças são alimentadas em Guatemala
Estudo considera 'séria' a situação alimentar na Guatemala
Um estudo do Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira indica que ao menos 1 bilhão de pessoas (cerca de um sétimo da população mundial) sofrem de desnutrição no planeta.
Na América Latina, a situação é considerada “grave” na Bolívia, Guatemala e no Haiti.
A pesquisa, intitulada Índice Global da Fome 2010, mostra que a fome se revela principalmente por meio da desnutrição infantil – quase a metade dos afetados são crianças. Os níveis mais altos se encontram na África Subsaariana e no sul da Ásia.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Segurança Alimentar (FAO), um ser humano passa fome quando consome menos de 1.800 quilocalorias por dia, o mínimo para levar uma vida saudável e produtiva.
Os dados do estudo apontam que o número de desnutridos voltou a crescer, após cair entre 1990 e 2006. A explicação é a crise econômica e o aumento nos preços globais dos alimentos.
O IFPRI considera a situação “extremamente alarmante” em três países, todos africanos (Chad, Eritreia e República Democrática do Congo). Outros 26 países vivem situação “alarmante”.
No continente americano, a Bolívia, a Guatemala e o Haiti têm os piores índices em relação à falta de alimentos.
O documento classifica de “moderada” a fome no resto da América Central, com a exceção da Costa Rica. Também é “moderada” a situação na maioria da América do Sul – já no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile há níveis baixos de desnutrição, segundo o informe.
‘Caso de sucesso’
Os pesquisadores classificam o Brasil como um “caso de sucesso” na questão da fome. Segundo o estudo, entre 1974 e 1975, 37% das crianças brasileiras eram subnutridas. O índice caiu para 7% entre 2006 e 2007, melhora atribuída aos aumentos nos investimentos em programas de nutrição, saúde e educação ocorridos desde o fim dos anos 70.
“Entre 1996 e 2007, muito da melhora na nutrição infantil se deveu a mais creches, rendas familiares maiores, melhoras no atendimento de mães e crianças e maior cobertura de suprimento de água e serviços sanitários”, diz o estudo, que também cita o Bolsa Família, avaliado como “um bem-sucedido programa de redução da pobreza que integra nutrição, saúde e metas de educação”.
“Esse programa, assim como outras políticas governamentais, também tiveram um grande papel em reduzir a desigualdade, fazendo com que o status nutricional de crianças pobres rapidamente se aproximasse do de crianças mais ricas”, afirma o documento.
Fome em crescimento
Apesar do avanço em países como Brasil e China, o estudo mostra que a fome cresceu em nove países (oito deles na África Subsaariana e a Coreia do Norte).
O país com o pior desempenho é a República Democrática do Congo, onde o índice cresceu 65%. Em Burundi e em Madagascar, metade das crianças têm problemas no seu desenvolvimento físico por falta de uma dieta adequada.
Para a pesquisadora Marie Ruel, uma das autoras do estudo, “a janela de oportunidade para evitar que sigam crescendo os níveis de desnutrição está nos dois anos (...). Depois dos dois anos de idade, os efeitos negativos da desnutrição são em grande parte irreversíveis.”
Segundo o informe, é possível reduzir a desnutrição infantil para um terço da atual melhorando os cuidados na saúde e na dieta não só de crianças como também de mães grávidas e na fase de amamentação.

sábado, 2 de outubro de 2010

O incrível poder dos números - CH


Proteger o planeta não é mais luta solitária de ambientalistas. Jerry Borges fala da virada que tornou empresas aliadas na conservação, e de como a associação de números à natureza ajuda a conscientizar sobre o que temos a ganhar – ou perder.
Por: Jerry Carvalho Borges
Publicado em 03/09/2010 | Atualizado em 03/09/2010
O incrível poder dos números
O valor da conservação: se antes atividades econômicas eram associadas à degradação do planeta, hoje empresas mudaram de atitude ao perceber o dinheiro que se queima com a destruição de ambientes ou espécies (arte: Henrik Jonsson/ iStockphoto).
Há décadas, os conservacionistas têm combatido, sem sucesso, a crescente destruição ambiental no planeta e procurado conscientizar a população a respeito dos enormes prejuízos que esse processo tem causado para as nossas vidas e para o futuro de nossos filhos e netos. Para eles, o responsável pela destruição ambiental sempre foi o desenvolvimento econômico, representado principalmente pelas grandes corporações e indústrias.
Contudo, nos últimos anos, tem ocorrido uma enorme reviravolta nesse quadro, e muitos dos antigos vilões têm se tornado os paladinos da preservação ambiental. Essa tendência, muitas vezes desconhecida do grande público, pode representar no futuro uma esperança para a preservação da biodiversidade e dos recursos naturais do planeta. Como será que ocorreu essa mudança que tem aliado dois antigos inimigos ferozes: ambientalistas e economistas/empresários?
Como ocorreu a mudança que aliou ambientalistas e empresários, dois antigos inimigos?
As raízes para a mudança de postura estão associadas ao trabalho pioneiro de Robert Costanza, um economista da Universidade de Vermont (Estados Unidos) que, em 1997, procurou pela primeira vez estimar o valor da biodiversidade. Segundo Costanza, os benefícios do meio ambiente para a humanidade, representados por todas as formas possíveis de utilização de seus recursos (alimentação, fármacos, controle climático, preservação da qualidade de água) somam, em valores atuais, cerca de R$ 78 trilhões.
Para se ter uma idéia da grandiosidade desse valor, ele alcança cerca de 78% do PIB mundial (que, segundo o Fundo Monetário Internacional, é de pouco mais que R$ 100 trilhões) e é três vezes maior que o PIB dos Estados Unidos, o país mais rico do planeta (R$ 24,5 trilhões).
Essa iniciativa, louvável, tem rendido frutos. Outros pesquisadores interessados na preservação ambiental têm tentado estimar os prejuízos que podem ser causados pela extinção de determinadas espécies ou, mesmo, pela destruição de ambientes específicos. Por exemplo, calcula-se que somente a destruição dos mangues representa uma perda anual para o planeta de R$ 7,8 trilhões.
Um exemplo da análise da importância econômica das espécies vivas é a avaliação do rendimento gerado pela abelha europeia Apis mellifera, cujas populações têm desaparecido em diversas regiões dos Estados Unidos, vitimadas pelo ataque do ácaro Varroa destructor e pelo uso desenfreado de pesticidas. Segundo estimativas, esses insetos geram anualmente, somente com a polinização de árvores frutíferas, mais de R$ 26 bilhões.
Apis mellifera
A ‘Apis mellifera’, cujas populações têm desaparecido em diversas regiões dos EUA, é um exemplo da importância econômica de uma única espécie: calcula-se que ela gere mais de R$ 26 bilhões ao ano somente com a polinização de árvores frutíferas (foto: Thomas Bresson).

De marketing a estratégia de lucros real

Essas pesquisas têm conseguido modificar a forma como o público relaciona-se com os problemas ambientais e como a sociedade pode enfrentar os desafios da preservação da biodiversidade. E têm levado a uma mudança de atitude de várias empresas de grande porte que, anteriormente, investiam na preservação ambiental apenas como uma estratégia de propaganda.
Atualmente, essas empresas têm se dado conta de que o investimento na conservação dos recursos naturais pode garantir ganhos futuros – e mesmo render lucros imediatos.
As empresas perceberam que investimentos em conservação podem garantir ganhos futuros e imediatos
Esses estudos podem auxiliar os órgãos públicos a definir mais claramente que punições e multas devem aplicar a desmatadores, traficantes de animais e outros criminosos contra o meio ambiente. Além disso, eles podem também sensibilizar mais pessoas a se comprometer com a captação de recursos ou com iniciativas para a preservação ambiental.
A avaliação econômica dos benefícios obtidos dos ecossistemas, conhecidos como serviços ambientais, também tem um enorme significado para auxiliar na resolução do chamado problema da arca de Noé – a definição da alocação eficiente de recursos financeiros limitados para a conservação da biodiversidade.
Andrew Balmford, um zoólogo da Universidade de Cambridge, é um exemplo dos adeptos da união entre economia e ecologia. Segundo ele, os cientistas interessados em conservação têm que aprender muito com os economistas para que possam estabelecer indicadores da importância da preservação ambiental que sejam ao mesmo tempo rigorosos, replicáveis e facilmente compreensíveis.
Balmford acredita que somente assim o público e os governantes poderão avaliar mais claramente as perdas e os riscos da destruição do meio ambiente.
Árvore retorcida
Árvore com os galhos retorcidos típicos do cerrado: exemplo de ambiente rico em biodiversidade no Brasil, mas pouco conhecido e valorizado. A destruição desse patrimônio representa um prejuízo incalculável (foto: Christoph Diewald – CC BY-NC-ND 2.0).

o tem preço

Contudo, os economistas também têm muito a aprender com os ecólogos, pois infelizmente a importância de uma espécie para um ecossistema – e para a nossa própria espécie – é algo muito difícil de ser avaliado.
Podemos citar como exemplo as abelhas mencionadas anteriormente. Esses insetos nãoo importantes apenas como polinizadores, estando também envolvidos em uma série de outras interações ecológicas.
A importância de uma espécie para um ecossistema é algo muito difícil de ser avaliado
Assim, a sobrevivência de populações de outros insetos, animais e plantas está irremediavelmente associada com a preservação dessa espécie de abelha. E, obviamente, as abelhas europeias são apenas uma peça no quebra-cabeça monumental de um ecossistema.
Além disso, vários fármacos são produzidos a partir do veneno das abelhas, e é possível que novas drogas possam ser descobertas a partir do estudo desses insetos. Portanto, as abelhas (e qualquer outra espécie viva) possuem um valor incalculável que somente será conhecido quando todas as possibilidades de estudo de sua biologia forem esgotadas. E isso é uma meta quase impossível de ser alcançada...
Se há dificuldades para se avaliar corretamente o significado econômico de apenas uma espécie viva, imagine então para se fazer projeções para ambientes inteiros!
Amazônia desmatada
Floresta amazônica desmatada para dar lugar plantações de soja no Pará (foto: Leo F. Freitas – CC BY NC SA 2.0).

Prejuízo incalculável

A floresta amazônica, o cerrado, o pantanal e a caatinga, considerados por diversos estudos extremamente ricos em biodiversidade e que são, indubitavelmente, a maior fonte de riqueza do nosso país, são pouco conhecidos e valorizados. Por isso, a destruição desse patrimônio pelas queimadas e pelo desmatamento representa um prejuízo incalculável.
Uma pesquisa realizada por Thomas Hilker e equipe, do Departmento de Manejo de Recursos Florestais, da Universidade de Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, indica que o Brasil foi o país que sofreu a maior redução de suas matas entre 2000 e 2005, perdendo em torno de 0,6% de sua cobertura florestal a cada ano.
Segundo relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o total de queimadas no Brasil neste ano, acumulado até 17 de agosto, foi de 30.857 – alcançando um valor 94% acima do registrado no mesmo período de 2009. Estamos literalmente queimando dinheiro e prejudicando o futuro de nossos filhos e netos.
Estamos literalmente queimando dinheiro e prejudicando o futuro de nossos filhos e netos
Apesar dos problemas associados com análises econômicas da perda da biodiversidade, é claro que esses procedimentos são muito importantes para a preservação ambiental.
A visão dos serviços ambientais tem se modificado nos últimos anos. Muitos indivíduos que antes consideravam a preservação ambiental um entrave ao seu bem estar estão percebendo que esse processo pode trazer ganhos futuros, ou mesmo imediatos. É inegável que alguns dos grandes responsáveis por essa conscientização e por essa mudança de atitude são os economistas – e o poder de seus números amigos.

Jerry Carvalho Borges
Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras

Sugestões para leitura:

Carvalho, L. M. T. Mapping and monitoring forest remnants: a multiscale analysis of spatio-temporal data. 2001. 150 p. Tese de Doutorado, Wageningen University, Wageningen, The Netherlands. 2001.

Czech, B. et al. (2005). Establishing indicators for biodiversity. Science 308, 791-792. Hilker, T. et al. (2009). A new data fusion model for high spatial- and temporal-resolution mapping of forest disturbance based on Landsat and MODIS. Remote Sensing of Environment .113(8), 1613-1627.

Hilker, T. et al. (2009). A new data fusion model for high spatial- and temporal-resolution mapping of forest disturbance based on Landsat and MODIS. Remote Sensing of Environment .113(8), 1613-1627

Liu, S. et al. (2010). Valuing ecosystem services: theory, practice, and the need for a transdisciplinary synthesis. Ann. N. Y. Acad. Sci. 1185, 54-78.

Naidoo, R. et al. (2008). Global mapping of ecosystem services and conservation priorities. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A 105, 9495-9500.

Rockstrom, J.et al. (2009). A safe operating space for humanity. Nature 461, 472-475.

Suo, A. N. et al. (2008). Ecosystem health assessment of the Jinghe River Watershed on the Huangtu Plateau. Ecohealth. 5, 127-136.