Al Gore elogia o Brasil

País é apontado como liderança em questões de sustentabilidade ambiental

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel da Paz, Al Gore, também veio ao Brasil neste último final de semana para participar do Fórum Internacional de Sustentabilidade, em Manaus, no Amazonas. De cara, destacou a liderança do País nas questões relacionadas à sustentabilidade em todo o mundo.
“Estive em Copenhagen em dezembro e fiquei impressionado com a liderança do Brasil. O País tem uma voz de grande poder, não apenas pela Amazônia, mas porque ofereceu liderança em tantas outras questões relacionadas à sustentabilidade”, destacou Al Gore, referindo-se à participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento. O Brasil apresentou propostas de redução de emissão de gases de efeito estufa em valores entre 35% e 40%.
O fórum em Manaus reuniu lideranças empresariais do mundo, interessadas em discutir desde a preservação da floresta amazônica a outros itens relacionados ao desenvolvimento sustentável.
Al Gore, autor de “Uma Verdade Inconveniente”, best-seller que virou filme com nome homônimo, é hoje um dos líderes mais atuantes no que se refere às mudanças climáticas.
Tanto que no encontro falou sobre “A importância da Amazônia no contexto das alterações climáticas globais”. Para ele, a criação de um fundo mundial que financie projetos de preservação em países que têm florestas sob custódia é um ponto central a ser discutido. “Não há mais controvérsias sobre este assunto. Trata-se de um ponto chave para tentar minimizar os impactos das alterações climáticas”, afirmou.
“A Amazônia é um tesouro imenso que pertence ao Brasil, guardado e protegido. O valor dos recursos genéticos e da biodiversidade contida na floresta é impar, e só agora está sendo reconhecido pelas companhias de biotecnologia, pelos cientistas e por indústrias de toda a natureza”, afirmou.
Ele fez uma comparação: “Vender uma floresta pelo valor da madeira é como vender um computador pelo preço do silício. O valor real da Amazônia está em toda a informação que ela contém. A cura de diversas doenças está na floresta.”
Sobre a resistência dos Estados Unidos em assinar o acordo sobre o clima, Al Gore disse acreditar que isso aconteça ainda este ano. A proposta já foi aprovada no Congresso americano, afirmou, mas a grande dificuldade está na aprovação pelo Senado.
“Há organizações muito grandes que lutam contra isso e elas têm sido muito poderosas até agora”, explicou o líder, citando também os efeitos da crise financeira mundial.
No caso da Amazônia, Al Gore defendeu parcerias que tragam maior benefício para o povo que vive na região. “Não acredito que haja mais o temor de que o interesse mundial na Amazônia seja uma ameaça de invasão ou de posse. É claro que temos que respeitar a história de insultos, abusos e temores herdada do passado. Mas hoje a preservação requer debates e conhecimentos compartilhados. É preciso um acordo global não só para preservar a Amazônia, mas as outras florestas do planeta.”

IBGE: quase 25 milhões de brasileiros acima de 15 anos fumam


Pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que 17,2% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante. Esse percentual corresponde a 24,6 milhões de pessoas, de um total de 143 milhões nessa faixa de idade.
Do total de dependentes, em 2008, ano de referência do estudo, 15,1% fumavam diariamente. Segundo a pesquisa, 2,1% foram considerados fumantes ocasionais (pessoa que faz uso do produto, mas não todos os dias).
Entre os homens, 21% fumavam regularmente. Entre as mulheres, o percentual era de 13,2%.
A Região Sul concentra o maior percentual de fumantes (19,3%) e o Nordeste, o menor (16,5%). Entre as unidades federativas, o Distrito Federal tem o menor índice (13,7%) e o Acre, o maior (21,7%).
A pesquisa também constatou que, entre as pessoas que usavam "qualquer produto de tabaco fumado", 17,2% fumavam cigarro industrializado, 4,4%, cigarro de palha ou enrolado à mão, e 0,7%, outros produtos derivados do tabaco. A Região Nordeste tem o maior percentual de pessoas que fumam cigarro de palha.

História da Rússia é marcada por violência separatista e conflitos étnicos - Sidney Rezende

Ainda não há suspeitas sobre quem cometeu o atentado no sistema de metrô de Moscou, na capital da Rússia. Mas, ao analisar a história do país, hipóteses não faltam. Desde os tempos da antiga União Soviética, a política externa da sua atual sucessora e as diferenças étnicas e religiosas em seu território são motivo para desentendimentos e conflitos diplomáticos, muitas vezes culminando em ataques terroristas, como o desta segunda.
Em agosto de 2008, a Rússia e a Geórgia travaram uma guerra relâmpago, por conta do status da província georgiana da Ossétia do Sul. Os russos apoiam as intenções separatistas dos rebeldes da província.
Dentro do território russo, um dos maiores do planeta em extensão, o caso mais conhecido é o da República da Chechênia. Com população de maioria muçulmana, em contraponto com a cristianismo ortodoxo do governo central de Moscou, rebeldes separatistas tentaram proclamar independência em 1991, após o fim da União Soviética. Em 1994, as tropas da Rússia invadem o território checheno, que fica no extremo-sul do país. Desde então, os confrontos já deixaram cerca de 100 mil mortos, numa guerra que nem o acordo de paz firmado em 1996 conseguiu solucionar.
Em setembro de 2004, ocorreu o maior atentado da história do país europeu: 332 mortos, dentre os quais 160 crianças, em uma escola na cidade de Beslan. O choque ocorreu após a invasão da escola, que estava ocupada por rebeldes chechenos, por forças de segurança. O fato comoveu a opinião pública mundial.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Órgãos de chineses executados são usados em transplante - El País

A China é o segundo país que realiza mais transplantes de órgãos por ano, mais de 10 mil, segundo os dados apresentados na terça-feira pelo vice-ministro da Saúde, Jiefu Huang. Mas esse êxito é sobrecarregado por um déficit ético importante, segundo reconheceu o próprio Huang na Conferência Internacional sobre Doação e Transplante de Órgãos, que se realiza em Madri. Ou melhor, por quatro: que 90% dos órgãos de doadores cadáveres (aproximadamente 55% do total, segundo Huang) vêm de executados; a comercialização; o turismo de transplantes; e a falta de uma organização nacional de transplantes e manejo de órgãos.
Huang foi especialmente duro com a questão das execuções. "Não cumpre as práticas e padrões internacionais nem éticas", disse. Mas depois, em conversa com "El País", insistiu que "hoje os órgãos são obtidos depois de se conseguir o consentimento dos réus, ou ,sobretudo, de seus parentes".
Também admitiu que "ainda" existem hospitais que trabalham com redes ilegais de captação de órgãos. "A fome de lucros e a pobreza de algumas pessoas" fazem que estas "possam vender um rim ou uma parte do fígado", ele disse. "A compra é contrária à justiça", afirmou. Mas a persistência dessa prática explicaria em parte a elevada proporção de doadores vivos: 45% do total, segundo dados oficiais, uma proporção que está no nível dos países nórdicos na Europa e muito longe do da Espanha (10%, de acordo com o que diz o responsável espanhol da Organização Nacional de Transplantes, Rafael Matesanz).

Esse tema levou inevitavelmente ao do caso de Óscar Garay, o espanhol que em 2009 se transplantou um fígado em Tianjin depois de pagar cerca de 130 mil euros, segundo declarou a "El País" e saiu publicado no jornal. Sem negar nem afirmar o ocorrido, o vice-ministro se limitou a indicar que "o hospital é um centro de referência de boas práticas", e ressaltou o apoio à reforma empreendida no sistema de doações de órgãos do país desde maio de 2007 pelo diretor do centro, Zhong Yang Shen. Este, em um comunicado entregue a "El País", afirma que o hospital está sendo "acusado falsamente" de traficar órgãos.
Huang, no entanto, admite que esse comércio "ainda existe, mas está se reduzindo". "Vai contra a justiça e a harmonia que caracterizam a sociedade chinesa", disse. Como dados de que essa reforma não vai "muito a sério", Huang se refere à remodelação do sistema hospitalar. "Há dois anos havia mais de 600 centros que faziam transplantes, hoje há apenas 163 que conseguiram o credenciamento correspondente", afirmou.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Câmara aprova proposta que obriga escolas a manterem alunos mesmo na falta de professor

Laycer Tomaz
Da Agência Câmara
A Câmara aprovou na quarta-feira (24) uma proposta que obriga as escolas públicas de ensino básico a manter os alunos em suas instalações, mesmo em caso de falta de professor. O projeto é do deputado Ayrton Xerez (DEM-RJ) e determina ainda que esses alunos deverão receber atividades complementares, organizadas de acordo com a faixa etária e a grade curricular de cada série.
A matéria, sujeita à análise conclusiva, já havia sido aprovada pela Comissão de Educação e Cultura. O projeto seguirá para o Senado, caso não haja recurso para que seja votado pelo Plenário.
O relator, deputado Efraim Filho (DEM-PB), apresentou apenas uma emenda de redação para suprimir a parte do projeto que “revoga as determinações em contrário". Ele lembra que a Lei Complementar 95/98, da consolidação de leis, proíbe a revogação genérica.
De acordo com o autor do projeto, muitas vezes, quando faltam professores, os alunos saem da escola sem o conhecimento dos pais. "Nas ruas, as crianças estão mais vulneráveis à ação da marginalidade, além do risco ainda maior de acidentes, justamente pela ausência de supervisão adequada", ressalta Ayrton Xerez.

sexta-feira, 19 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Facebook supera Google em visitas nos EUA

Por margem pequena, rede social se tornou o site mais visitado pelos norte-americanos na segunda semana de março
Rafael Rigues
Segundo informações publicadas pela Experian Hitwise, uma empresa especializada na análise de tráfego na Web, o Facebook superou o Google em número de visitas diretas nos EUA na semana entre 7 e 13 de março, se tornando o site mais acessado na web entre os norte-americanos.
O domínio Facebook.com respondeu por 7,07% do total de visitas no período, levando em conta o tráfego apenas nos Estados Unidos, contra 7,03% do Google, de acordo com os dados da Experian. Não é a primeira vez que isto acontece: a rede social já havia ultrapassado o Google na véspera de Natal, dia de Natal e Ano novo em 2009.
A diferença é pequena e vale lembrar que o número leva em conta apenas as páginas principais de cada domínio, e ignora os vários serviços oferecidos pelo gigante das buscas, como e-mail (Gmail), aplicativos online (Google Apps), álbum de fotos (Picasa) e outros. Considerando todo o conjunto, o Google teria 11,03% do total de visitas nos EUA, bem à frente do Facebook.
No cenário mundial a diferença é maior. Segundo dados da Alexa.com, empresa especializada na análise de tráfego na web, levando em consideração o site principal e subdomínios o Google detinha 41.62% do total de visitas à web entre 7 e 13 de março, contra 31.2% do Facebook. Os sites são, respectivamente, o primeiro e segundo colocados, mundialmente e nos EUA, em número de visitas.
Talvez mais interessante seja o fato de que o número de visitas ao domínio Facebook.com na última semana tenha crescido 185% em relação ao mesmo período em 2009, enquanto o Google.com cresceu apenas 9%. Um salto impressionante, que segundo o blog Brainstom Tech, da Fortune, pode ser um sinal de que o Facebook está à caminho de se tornar a "plataforma de comunicação" idealizada por seu criador, Mark

Israel se choca contra seu muro

La 
Vanguardia
Lluís Amiguet

Sete anos depois do início da construção da barreira de segurança da Cisjordânia, conhecida como "o muro", os trabalhos estão quase paralisados. O tenente-coronel Shaul Arieli, especialista nesse tema no Conselho de Paz e Segurança, afirmou a este jornal que "com pequenas exceções, os trabalhos foram interrompidos em novembro de 2007". "Desde o primeiro momento entendi que não se tratava de uma barreira de segurança temporária, mas de uma estratégia para determinar as futuras fronteiras de Israel e Palestina. Até onde chegar a barreira chegarão as reivindicações israelenses", acrescentou.

Ao contrário do que se acredita, só 5% da barreira são realmente um muro. O resto é uma cerca de segurança composta por alambrados de todo tipo, cuja construção foi a reação nervosa de um país atacado nos primeiros anos da segunda intifada (que eclodiu em setembro de 2000) por cerca de duas centenas de homens, mulheres e meninos-bomba, dispostos a morrer para matar em Israel.

Até o momento o Estado israelense investiu 9,5 bilhões de shekels (cerca de R$ 4,7 bilhões) para completar cerca de 60% dos 700 km da barreira. A oposição dos EUA, a escassez de verbas, os recursos entrepostos no Tribunal Supremo israelense e sobretudo a drástica redução de atentados contribuíram para a atual detenção das obras. Somente em Bilein e em Bir Nabala, ao norte de Jerusalém, ainda se pode ver algum tipo de trabalho. Em Bilein há confrontos de manifestantes com o exército quase todas as sextas-feiras, às vezes com vítimas.

Desde a decisão inicial do governo de Ariel Sharon, em junho de 2002, o traçado da barreira sofreu mudanças drásticas. Inicialmente o plano era anexar de fato 20% do território da Cisjordânia. Mas há cinco anos o Tribunal Internacional de Justiça de Haia decidiu pela ilegalidade da barreira, que transforma em pesadelo a vida de dezenas de milhares de palestinos. Agricultores viram seus campos ficar do outro lado da barreira; universidades, colégios e hospitais ficaram isolados e em alguns pontos há povoados rodeados pelo muro de todos os lados.

Diante das críticas internacionais e de uma sentença do Tribunal Supremo de 2004, o governo redesenhou três vezes o traçado da barreira. Atualmente a cerca e o muro ocupam 4,5% da Cisjordânia. Os 60 mil colonos judeus que vivem em assentamentos situados além da barreira creem que "esta é a via mais rápida para a criação de um Estado palestino". É possível que tenham razão: de fato, o governo anterior, encabeçado por Ehud Olmert, aprovou um plano de indenização dos colonos em troca da futura retirada dessas colônias chamadas "isoladas".

A proposta israelense aos palestinos era uma troca de territórios: Israel ofereceria 4,5% de seu território em troca de áreas ocupadas pela barreira de segurança. Israel cederia, por exemplo, terrenos adjacentes à densa Faixa de Gaza e um corredor sobre território israelense entre Gaza e Cisjordânia. O objetivo israelense é incluir nos 4,5% os principais blocos de colônias, como Ariel, Maale Adumim e Gush Ezion, com dezenas de milhares de moradores.

Os palestinos se negam a aceitar, especialmente os chamados dedos: enclaves além da linha verde de 1967. "Israel quer cravar dedos em nossos olhos, nos lugares mais estratégicos da Palestina", acusam em Ramallah. Tanto o governo americano de George W. Bush como o atual de Barack Obama se opuseram taxativamente.

A drástica melhora no funcionamento das forças de segurança da Cisjordânia (treinadas pelos EUA e a UE), sua firme luta contra os islâmicos radicais e a colaboração com o exército e serviços de segurança israelenses mudaram a situação. Diante da ausência de suicidas, a pressão pública israelense para a construção da barreira praticamente desapareceu. Os políticos israelenses não estão motivados para cuidar dessa batata quente que pode prejudicar ainda mais as relações com o governo Obama.

O anúncio pela televisão da principal companhia de telefones móveis, Cellcom, está provocando um terremoto em Israel. Nele pode-se ver um grupo de soldados patrulhando junto ao muro. De repente alguma coisa cai perto deles. Eles se assustam ao crer que é uma bomba, mas é só uma bola. Atiram-na de novo para o outro lado do muro e começa um jogo com um adversário invisível. Quando o palestino não devolve a bola, os soldados dizem: "Ei...?" A bola volta e o jogo continua.

O deputado árabe-israelense Ahmed Tibi apresentou uma queixa contra o anúncio e exigiu sua retirada. "O muro separa famílias e impede que crianças cheguem ao colégio e ao hospital, mas o anúncio o apresenta como se estivesse em um jardim de Tel Aviv", denunciou. No final da publicidade o locutor exclama: "Afinal, o que todos queremos? Nos divertir. A Cellcom nos ajuda a fazer isso".

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Em uma Europa em crise, Polônia é vista como uma exceção e exemplo a ser seguido - Le Monde

Florence Beaugé
Enviada especial a Varsóvia (Polônia)


Ela se sente vingada. Ela, que só aderiu à União Europeia (UE) em 2004, discreta como a última da classe, agora é consagrada a “melhor aluna” da Europa! De todos os países da UE, a Polônia é a única a poder se gabar de um crescimento positivo (+1,7%) em 2009.
Todo trimestre o primeiro-ministro liberal Donald Tusk sente um prazer perverso ao realizar uma coletiva de imprensa sobre a economia polonesa na Bolsa de Varsóvia. Sob o olhar das câmeras, ele se posiciona ostensivamente diante do mapa da UE, todo vermelho, com exceção de uma ilhota verde: a Polônia... Mesmo dentro da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), nenhum país pode se gabar de ter tido um desempenho melhor.

Sobre as razões dessa boa saúde, tão extraordinária quanto inesperada, os analistas divergem. Para uns, o país se beneficiou de uma conjunção de fatores felizes, quase um “golpe de sorte”. Para outros, o crédito desse desempenho notável é do governo, que desde 2008 soube administrar a crise financeira internacional “com sangue frio”, ao rejeitar o plano de retomada maciça “que todos lhe aconselhavam”, e ao conseguir “dar confiança à população”, como conta o ministro da Economia, Waldemar Pawlak.
Uma coisa é certa: mesmo caindo pela metade em relação ao ano anterior, o consumo continua a estimular o crescimento do país. Com seus 38 milhões de habitantes, a Polônia possui um amplo mercado interno. Menos aberta que seus vizinhos, menos dependente de suas exportações, dona de uma economia diversificada, ela não viu como um drama a desaceleração do comércio mundial.
Em Zlote Tarasy (Terraços Dourados), gigantesco centro comercial aberto em 2007 atrás da estação central de Varsóvia, o movimento é grande a semana inteira nas 250 lojas de estilo ocidental distribuídas em cinco andares. Podendo mudar de comportamento, se as circunstâncias exigirem. “Aqui, uma crise não é vivida como uma fatalidade. As pessoas se lembram do tempo em que não tinham nada e sabem apertar o cinto. Assim que entramos na crise financeira, a questão dos salários, que estava na ordem do dia, foi varrida para debaixo do tapete pelos sindicatos. Uma atitude dificilmente imaginada na França”, acredita François Colombié, presidente da Auchan para a Polônia e a Rússia.
Recuperar o tempo perdido parece ter se tornado a divisa nacional. Trata-se de compensar os anos de escassez da era comunista, mas também de atingir o produto interno bruto (PIB) per capita dos países mais avançados. “A Polônia é um dos países mais pobres da UE, apesar de seu crescimento contínuo há anos. Esse ‘efeito de recuperação’, aliado a seu tamanho, é uma das principais explicações de seu desempenho atual”, analisa Rafal Kierzenkowski, economista da OCDE.

Aqui é considerado como sorte que o país não faça parte da zona do euro. Desde 2000, as autoridades deixam flutuar a moeda nacional, o zloty, tornando as exportações mais competitivas durante a crise, sobretudo a dos carros de pequeno porte da Fiat e da Ford, fabricados aqui. Além disso, a Polônia lucrou muito com os incentivos para compra de automóveis na Alemanha e na França.
O ano 2015 é o novo horizonte fixado pelas autoridades para entrar na zona do euro. “Não estamos com pressa. O exemplo da Grécia nos faz pensar. Nada nos força a isso. Será preciso encontrar o momento certo”, declara Pawlak.
Num futuro próximo, a Polônia deve enfrentar sérios desafios. Seu déficit orçamentário é um deles: em 2009, ele atingia 7,2% do PIB (contra 3% autorizados pelo Pacto de Estabilidade Europeu).
O desemprego voltou a subir desde 2008. Ele chegou a 8,9% da população ativa segundo o Eurostat (mas 12,8% segundo as estatísticas polonesas), e às vezes chega a ultrapassar os 15% em algumas cidades. É o caso, por exemplo, de Lapy, pequena cidade de 20 mil habitantes no nordeste do país. “Todos os habitantes viviam graças a uma única empresa de restauração de vagões de trem. A companhia faliu no ano passado, foi uma calamidade”, conta Konrad Niklewicz, jornalista da “Gazeta Wyborcza”.
O estado desastroso da infraestrutura – estradas velhas, falta de autoestradas e de linhas ferroviárias... – também faz parte das urgências a serem resolvidas. Boa parte dos 67,3 bilhões de euros concedidos por Bruxelas em 2009 para o desenvolvimento do país até 2013 deverá ser destinada a elas.
Apesar dos obstáculos, os poloneses se mostram otimistas. Dois acontecimentos os incentivam a olhar para o futuro com confiança. No segundo trimestre de 2011, o país assumirá a presidência da UE. E em junho de 2012, a Polônia será coorganizadora (junto com a Ucrânia) do Campeonato Europeu de Futebol de 2012. Serão “provas”, como diz Aleksander Smolar, diretor da Fundação Batory, que garante que o país faz ainda mais questão de realizá-las com sucesso, uma vez que hoje seu coração bate firmemente pela Europa.
Todas as pesquisas indicam: de todos os Estados-membros da UE, a Polônia é aquele onde o sentimento europeu é o mais elevado. Para Philippe Rusin, diretor executivo do Centro de Civilização Francesa de Varsóvia, os jovens poloneses realmente se “apropriaram da Europa”. Agora que ela é membro da Otan e da UE, a Polônia se sente em segurança “pela primeira vez em sua história”, observa.
Tradução: Lana Lim

Gregos se irritam com brincadeira alemã de vender Acrópole para salvar a economia em crise - El País

Os gregos não acharam muita graça na ideia proposta por dois parlamentares alemães para tirar seu país da crise. Os deputados Josef Schlarmann e Frank Schäffler, da coalizão de centro-direita de Angela Merkel, sugeriram ao jornal sensacionalista "Bild" que, em vez de receber ajuda financeira dos alemães, os gregos poderiam vender algumas das quase 6 mil ilhas desabitadas que possuem. "Vendam suas ilhas, gregos quebrados! E a Acrópole também", foi o título do jornal "Bild".
"Não, não creio que seja engraçado e tampouco que fosse uma piada. É absurdo", respondeu na sexta-feira o ministro do Turismo grego, Pavlos Geroulanos.
Desfazer-se de território para obter dinheiro foi algo comum no passado; nunca uma ideia muito boa. A história ensinou aos governantes que a ilhota que hoje passa por terreno estéril pode se transformar no futuro em uma fonte de inesgotáveis recursos ou em um destino turístico onde estourar o cartão de crédito.
Os descendentes também têm o costume de lembrar como se vendeu mal uma parte da pátria. Na maioria das vezes, o negócio foi uma ruína. Em 24 de maio de 1626, um colono holandês chamado Peter Minuit comprou dos índios carnasie a ilha de Manhattan (onde hoje se situa o centro de Nova York). Minuit pagou com tecidos, colares e uma quantidade de quinquilharias, no valor total de 60 florins, US$ 24 na época, segundo afirma o site da cidade na web. Ambas as partes fecharam o acordo pensando que haviam saído ganhando: Minuit porque o terreno saiu barato e os indígenas porque conseguiram passar por nativos de uma terra que na realidade pertencia à tribo dos lepane.
Também não obtiveram muitos benefícios os franceses, quando em 1803 venderam para os EUA o território da Luisiana. O preço da venda foi de US$ 11,2 milhões da época, mais que o dobro do que a Espanha recebeu pela venda da Flórida. Sim, foi rentável para os russos a venda do Alasca em 1867, não porque se encheram os bolsos com os US$ 7,2 milhões que custou aos americanos, mas porque então era um terreno improdutivo e difícil de defender. Na época ninguém entendeu bem a operação. A imprensa americana ironizou sobre o assunto, chamando o território de Icebergia, "a geladeira nacional" ou simplesmente "a estupidez de Seward", nome do secretário de Estado que mais insistiu na compra. O acordo não foi nenhuma idiotice: os novos proprietários encontraram primeiro ouro e cem anos mais tarde, petróleo.
A venda de territórios se fazia passar quase sempre como uma indenização pela guerra que o país comprador havia ganho. "Que os países fizessem negócio com parte de seu território era normal, no passado", salienta Carlos Malamud, historiador do Real Instituto Elcano. "O México perdeu assim a metade de seu território (que passou para os EUA e continua em suas mãos) depois da independência. Se algum dirigente pensasse hoje em ceder a pátria dessa maneira acabaria fuzilado."
Os governantes gregos não estão interessados, e também não parece que era à venda de territórios entre Estados que se referiam os deputados alemães, e sim a particulares, talvez turistas alemães, que tem interesse e experiência na compra de ilhas. "É isso que estão fazendo com Mallorca, comprando-a pouco a pouco", comenta o catedrático de Geografia Humana Pere Salvà, que apresenta o dado de 75 mil alemães em Palma, entre recenseados e residentes há mais de seis meses.
Pode ser uma brincadeira, mas a ideia foi sugerida há 20 anos por outro político alemão, o deputado conservador Dionys Jobst, que propôs que o governo federal comprasse a ilha da Espanha e a transformasse no estado número 17 da República Federal Alemã.
Quanto custa Mallorca? E uma ilha grega? Taxá-las é possível, mas para dar uma quantia seria preciso levar em conta muitos fatores, como patrimônio histórico, a quantidade de solo original e a possibilidade de construir. Mais fácil é dar um preço para a venda de ilhas privadas. As 16 ilhas que são vendidas no site Private Islands Online custam entre 581 mil e 11 milhões de euros. Segundo o fundador dessa empresa, Chris Krowl, os milionários devem ter cuidado ao comprar porque os países costumam impor muitas restrições ambientais. "Em algumas nem sequer se pode construir", explica.
Em todo caso, hoje é difícil que os Estados possam perder a soberania sobre seu território. "As constituições costumam ser rígidas sobre isso. Pode-se vender um terreno desocupado, mas não a jurisdição sobre ele", salienta Antonio Remiro Brotons, catedrático de Direito Internacional. Diante dessa impossibilidade, e descartada a opção pouco estética da invasão militar, alguns países se inclinaram pelo chamado " land grabbing" (apropriação de terras em inglês), uma modalidade criticada por seu caráter neocolonialista. China, Índia e Coreia do Sul vêm acumulando terras na África há dez anos.
Tanto nesses casos como na venda de ilhas habitadas, ninguém costuma perguntar à população se está de acordo. Em 1899, depois de perder as ilhas Filipinas, a Espanha vendeu as ilhas Carolinas e as Marianas para a Alemanha por 25 milhões de pesetas. A única voz que se levantou contra a venda foi a do ex-presidente da Primeira República espanhola, Francisco Pi y Margall: "Devo rejeitar toda a cessão de territórios que se faça sem o consentimento explícito de seus habitantes, porque é uma coisa contrária à dignidade e personalidade dos povos". Sua opinião não soa tão antiga hoje.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Google inclui a Espanha na lista de países censores da internet - El País

O gigante da internet Google desprestigiou na quarta-feira (10) a Espanha diante do Congresso dos EUA. Ocorreu em um depoimento na Câmara dos Deputados sobre democracia, segurança e liberdade de expressão na rede, quando se analisaram as técnicas que diversos governos aplicam para censurar sites da web. Com a desculpa de um incidente judicial isolado - a proibição de dois blogs que pediam o boicote a produtos da Catalunha, por parte de um juiz em 2007 -, a vice-presidente do Google, a advogada Nicole Wong, igualou a Espanha a regimes que aplicam uma repressão sistemática e constante da rede, como a China ou o Irã.
"O Google foi um foco habitual dos esforços governamentais para limitar a liberdade de expressão porque nossas tecnologias e serviços permitem que as pessoas com conexões à internet falem para um público mundial. Mais de 25 governos bloquearam os serviços do Google nos últimos anos", declarou Wong no depoimento entregue ontem pelo Google à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, para sua inclusão nos Arquivos do Congresso.
A advogada do Google detalhou na continuação que 13 países bloquearam o YouTube, entre eles China, Paquistão, Marrocos e Irã. Posteriormente, incluiu a Espanha em uma contagem de sete países que censuraram os sites Blogger ou Blogspot: "Nos últimos dois anos recebemos informes de que nossa plataforma de blogs foi ou está sendo bloqueada pelo menos em sete países, incluindo China, Espanha, Índia, Paquistão, Irã, Mianmar e Etiópia". Finalmente citou os três países que impediram o acesso a sua rede social Orkut: Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos.
Trata-se da segunda vez que o Google lança uma acusação semelhante contra a Espanha. Em 2 de março, em uma audiência diante do Subcomitê de Direitos Humanos e Legislação do Senado americano, fez declarações idênticas. Este jornal contatou então a Google. Não recebeu resposta do setor de comunicações da firma nos EUA, mas ontem a empresa na Espanha emitiu um comunicado a respeito.
"Um juiz espanhol ordenou há três anos o bloqueio de duas páginas de Blogspot em um incidente sobre o qual se informou extensamente. Mas ocorreu só uma vez. Não voltou a ocorrer e não temos problemas com a Espanha em relação à liberdade de expressão", afirmou um porta-voz em uma mensagem eletrônica.
Isto não impediu o Google de citar a Espanha, sem dar qualquer prova no depoimento entregue aos legisladores, como um país no qual se pratica a censura na rede. E o fez no âmbito de duas audiências nas quais se discutiam direitos humanos e a decisão da firma de deixar de se submeter à censura chinesa, depois de colaborar com o regime de Pequim desde 2005.
Vários blogs, meios de comunicação e serviços de notícias, como a Agência France Presse, divulgaram ontem essa acusação, citando a Espanha em seus textos. Segundo fontes do Congresso, as palavras de Wong podem prejudicar seriamente a imagem da Espanha diante dos legisladores americanos, uma potência aliada na Otan e junto da qual participa no conflito do Afeganistão.
"A partir de agora, qualquer congressista que vá ao arquivo do Capitólio encontrará essa lista de países", explica o chefe de gabinete de um veterano deputado, que prefere se manter no anonimato. "Sua inclusão implica que os congressistas podem pensar que a política da Espanha para a Internet é igual à da China. Isto, diante das relações entre os dois países, não ajuda. E coloca para os congressistas uma pergunta séria: por que a Espanha está nessa lista?"
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Palavras Cruzadas: coordenadas geográficas

 

  

Horizontais

2.     OCIDENTAL—Hemisfério Oeste é o mesmo que hemisfério ______
6.     LONGITUDE—Distância medida em graus entre um ponto qualquer da superfície terrestre e o Meridiano de Greenwich
9.     PARALELOS—Circuferências/linhas imaginárias que cortam a Terra no sentido Leste-Oeste
10.   LINHA DO EQUADOR—Principal paralelo
11.   COORDENADAS GEOGRÁFICAS—Os meridianos e paralelos formam o sistema de____
15.   NORTE—O Círculo Polar Ártico se localiza no hemisfério ______

Verticais

1.     ANTÁRTICO—No hemisfério Sul se localiza o Círculo Polar ______
3.     CAPRICÓRNIO—O trópico localizado no Hemisfério Sul é o de________
4.     HEMISFÉRIO—A metade de uma esfera é um ______
5.     MERIDIANOS—Semi-círculos/linhas imaginárias que ligam o pólo Norte ao pólo Sul
7.     OESTE—O Brasil se encontra totalmente no hemisfério_______
8.     CANCÊR—O trópico localizado no Hemisfério Norte é o de________
12.   ORIENTAL—O mesmo que hemisfério Leste
13.   SUL—A maior parte do Brasil se localiza no hemoisfério______
14.   LATITUDE—Distância medida em graus entre um ponto qualquer da superfície terrestre e a Linha do Equador